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Derrotado em 2006 no México, López Obrador adota postura 'paz e amor'

Esquerdista perdeu para Felipe Calderón por 0,56% dos votos e acampou em protesto; hoje, busca boa relação com empresários

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

O candidato da esquerda para as próximas eleições mexicanas, Andrés Manuel López Obrador, do PRD (Partido da Revolução Democrática), sempre foi conhecido como AMLO, apelido formado pelas iniciais de seu nome.

Agora, vem sendo chamado de AMLOVE, numa clara alusão à vinheta "Lula Paz e Amor", que ajudou a eleger o petista no Brasil em 2002. O apelido se difundiu no Twitter e no Facebook.

Em 2006, López Obrador perdeu a corrida para o atual presidente, o conservador Felipe Calderón, do PAN (Partido da Ação Nacional), por diferença de 0,56% dos votos.

Não aceitou o resultado, declarou que houve fraude e acampou no Paseo de la Reforma, uma das principais vias da Cidade do México.

Agora, busca afastar-se da imagem de rebelde e adota um discurso ameno, fazendo as pazes com os empresários, para tentar galgar postos na disputa pela Presidência.

As eleições acontecerão em 1º de julho de 2012. O favorito nas pesquisas é o candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional), Enrique Peña Nieto, que tem 46% dos votos, segundo pesquisas recentes. O PAN deve se apresentar com a candidata Josefina Vázquez Mota.

"López Obrador é consensual dentro da esquerda, mas terá de superar a enorme rejeição que tem [34%]. Para isso, deve mostrar que seu caráter conflituoso está domado", diz o cientista político Jean-François Prud'Homme, do Colegio de México.

Para o estudioso, um dos pontos positivos de sua insurgência foi que, alegando ser o "presidente legítimo do México", López Obrador passou os últimos cinco anos percorrendo o país. "Alcançou muita gente e nessa viagem entrou em contato com os problemas do México", diz.

Evocar o exemplo de Lula tem sido comum em vários países latino-americanos, como fizeram Ollanta Humala no Peru e Cristina Kirchner na Argentina.

"[López Obrador] tem reforçado a ideia de que, se tivessem votado nele em 2006, hoje seria o México em lugar de destaque no continente, e não o Brasil", diz John Ackerman, da Universidade Nacional Autónoma do México.

A guerra contra o narcotráfico, que começou a ser empreendida por Calderón em 2006, é o assunto central da campanha. Já causou mais de 40 mil mortes, oferecendo ao mundo imagens de barbárie.

Mesmo os críticos de Calderón têm dificuldade de defender uma trégua ou um passo atrás. "A própria esquerda precisa repensar seu discurso contra o uso da força, porque é uma situação muito grave", avalia Ackerman.

Tanto o PRI como o PRD criticam Calderón, mas sem propor que se interrompa a perseguição aos cartéis.

"O PRD vai apresentar bandeiras como emprego e saúde. O PRI vai lembrar os tempos mais estáveis, quando estava no poder", diz Ackerman. O PRI governou o México por mais de 70 anos e deu lugar ao PAN em 2000.

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