Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Sucesso de eleição alivia pressão sobre junta egípcia

Pleito cria momento favorável aos militares, mas protesto deve seguir

Primeiros resultados eleitorais devem ser divulgados hoje; ontem à noite, conflito deixou 50 feridos no Cairo

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

Pressionada por protestos que transformaram o centro do Cairo em praça de guerra na semana passada, a junta militar que governa o Egito pôde comemorar uma vitória com o bem-sucedido início da eleição parlamentar.

Após dois dias de votação, com participação significativa, a primeira fase da eleição terminou ontem com os militares reivindicando o sucesso de um processo que havia sido posto em dúvida, devido à tensão no país.

"Quando planejamos, nós executamos e, no fim, nós vencemos", disse o major-general Ismail Etman, membro da junta militar.

Etman chegou a comparar o sucesso das eleições a um dos momentos de maior orgulho da história egípcia moderna -o cruzamento do canal de Suez, na guerra de 1973 contra Israel.

É uma vitória efêmera, já que os manifestantes da praça Tahrir prometem manter os protestos pela saída imediata dos generais do poder. Ainda assim, a eleição claramente criou um momento favorável aos militares e esvaziou a praça.

"Após votar, voltei à praça e ela estava vazia, só havia vendedores", disse à agência Associated Press o cientista político Samer Suliman, fundador do Partido Social Democrático. "Os militares tiveram uma grande vitória."

'GRANDE DILEMA'

O fortalecimento da junta militar era justamente o temor dos manifestantes que defenderam o boicote às eleições. A julgar pelas longas filas nas sessões de votação, a campanha pelo boicote teve efeito limitado.

De acordo com Etman, 70% dos 17 milhões de eleitores registrados para esta primeira fase compareceram. Os primeiros resultados devem ser divulgados hoje.

"Vivi um grande dilema: votando, daria legitimidade aos militares. Não votando, daria mais espaço aos partidos islâmicos", disse o estudante Gamal Sahar, 25, na praça Tahrir. "Entre duas péssimas alternativas, acabei optando pela primeira."

Banida pela ditadura de Hosni Mubarak, que renunciou em fevereiro, a Irmandade Muçulmana deve confirmar os prognósticos e emergir das eleições como a principal força política do país. Restam cinco fases de votação até a formação do Parlamento, em março.

À noite, depois que as urnas foram fechadas, tiros foram ouvidos na praça Tahrir. Uma briga envolvendo manifestantes e vendedores deixou mais de 50 feridos, segundo a TV estatal.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.