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Europa reage a ameaça de rebaixamento

Líderes atacam S&P por dizer que pode reduzir classificação, mas esperam que isso ajude em sucesso de cúpula

Alemanha, França, Holanda, Luxemburgo, Finlândia e Áustria podem perder o triplo A, o grau mais alto

VAGUINALDO MARINHEIRO
De Londres

A decisão da agência Standard & Poor's de reavaliar as notas de crédito de 15 dos 17 países da zona do euro foi recebida com muitas críticas na Europa e ao mesmo tempo com a esperança de que, paradoxalmente, ajude o bloco a adotar as medidas que podem amainar a crise.

Enquanto alguns a qualificaram de "injusta", outros disseram que funcionará como alerta para os líderes do continente, que se reúnem na sexta em Bruxelas.

"Vejo um efeito positivo, porque todos ficam atentos sobre quão séria é a situação", disse Norbert Barthle, porta-voz para assuntos econômicos do partido da chanceler alemã, Angela Merkel.

Ela e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, querem que os líderes europeus concordem com mudanças em tratados da União Europeia para que os países sejam punidos se não controlarem as dívidas e o deficit público.

Isso significa perder soberania sobre as próprias finanças e transferir mais poder para a UE (União Europeia).

O Reino Unido ameaça vetar alterações que não respeitem os interesses do país.

A decisão da S&P foi anunciada anteontem. As notas de crédito dos países podem ser rebaixadas em até 90 dias.

Alemanha, França, Holanda, Luxemburgo, Finlândia e Áustria correm risco de perder o triplo A, nota mais alta.

Ontem, a S&P colocou o Fundo de Estabilidade Europeu também sob risco de perder sua nota máxima.

As notas servem como indicativos para investidores sobre os riscos de um país honrar suas dívidas.

Perder o triplo A implica, muitas vezes, ter de pagar juros maiores para se financiar. Além disso, cai o número de compradores, uma vez que muitos fundos de investimentos pelo mundo são proibidos por seus estatutos de investir em papéis que não tenham um triplo A.

Há muito que os europeus não têm uma boa relação com as agências de risco (as maiores são as americanas S&P, Moody's e Fitch).

A UE já prepara uma regulamentação para a ação delas no continente e quer a criação de uma agência europeia. "As agências foram o motor da crise de 2008. Estão se tornando o motor da crise atual? Essa é uma questão sobre a qual devemos pensar", disse Christian Noyer, presidente do BC francês.

Na crise de 2008, as agências foram acusadas de não terem alertado para os riscos de um colapso financeiro. Agora, são acusadas de exagerar nos alertas.

APROVAÇÃO NA GRÉCIA

Nesta semana, Grécia, Irlanda e Itália anunciaram pacotes que incluem alta de impostos, corte de gastos e mudanças nas aposentadorias.

Ontem, o Parlamento grego aprovou por 258 votos a 41 novas medidas de austeridade, incluindo severos cortes de gastos públicos em 2012.

Diante do prédio, ocorreu o primeiro conflito entre a polícia e manifestantes desde a posse do premiê Lucas Papademos, no mês passado.

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