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Russas de banda punk anti-Putin deixam prisão após quase 2 anos

Integrantes da Pussy Riot foram detidas em março de 2012, por vandalismo e ódio religioso

Medida 'é cosmética', disse Tolokonnikova, que pediu boicote à Olimpíada de Inverno, em fevereiro, na Rússia

LEANDRO COLON DE LONDRES

As duas integrantes da banda Pussy Riot que ainda estavam na cadeia deixaram ontem a prisão na Rússia disparando contra o presidente Vladimir Putin e sugerindo boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno, daqui a dois meses, em Sochi, na costa do mar Negro, ao sul da Rússia.

A liberdade delas foi garantida por uma anistia aprovada na semana passada pelo parlamento russo a 20 mil prisioneiros, entre elas Nadezhda Tolokonnikova, 24, e Maria Alyokhina, 25, da banda punk feminista de Moscou, que tem 11 membros.

Em 2012, ambas foram condenadas a dois anos de prisão por terem gravado um vídeo em que cantam contra Putin em uma catedral ortodoxa da capital russa. A outra integrante presa, Yekaterina Samutsevich, 31, estava em liberdade condicional.

As jovens foram condenadas pelos crimes de vandalismo e ódio religioso. O caso delas recebeu críticas da comunidade internacional, incluindo artistas, como Madonna, e entidades de direitos humanos, contra o governo de Vladimir Putin, acusado de reprimir a liberdade de expressão na Rússia.

Maria Alyokhina afirmou, ao ser libertada, que a anistia é "um truque de relações públicas". Já Tolokonnikova gritou "Rússia sem Putin" e lembrou que foi solta a poucos meses do fim de sua pena. "O que está acontecendo hoje é uma medida cosmética", afirmou.

Ela aproveitou, então, para defender um boicote de outros países aos Jogos Olímpicos de Inverno, a ser realizado no seu país. "Eu estou pedindo por um boicote, por honestidade. Eu peço para não cederem por causa de fornecimento de petróleo e gás da Rússia", disse.

UM TAPA NA IMAGEM

O evento esportivo de fevereiro é um dos principais fatores ligados à decisão das autoridades locais de liberar as jovens da banda punk. Ambas ganharam liberdade num movimento de Putin para melhorar a imagem externa da Rússia e impedir que os Jogos Olímpicos de fevereiro virem palco de protestos contra seu governo.

O presidente decidiu libertar, na quinta-feira, o ex-magnata do petróleo Mikhail Khodorkovsky, um dos seus maiores inimigos e que estava havia dez anos na cadeia.

Khodorkovsky fez fortuna nos anos 90 ao adquirir a gigante do petróleo Yukos durante a privatização das estatais russas. Foi acusado, entre outras coisas, de lavar US$ 23,5 milhões (R$ 54 milhões) e roubar petróleo estatal. Putin sempre carregou o peso de que teria usado seu poder para prender um adversário.

Os recentes movimentos do dirigente russo também beneficiaram os ativistas do Greenpeace presos em setembro durante protestos contra a exploração de petróleo no Ártico. Entre os 30 detidos, havia 28 estrangeiros, como a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, 31, liberada em 20 de novembro. O barco Arctic Sunrise, onde ela navegava, ainda está apreendido.

A expectativa é que a anistia aprovada pelo parlamento russo também os beneficie. Entretanto, são necessárias etapas burocráticas para a liberdade oficial de cada um.


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