Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Guerra civil faz consumo de anfetaminas disparar na Síria
Tanto rebeldes quanto tropas do governo usam drogas sintéticas
Num cenário em que a guerra civil estimulou a demanda por drogas sintéticas e a ruptura da ordem criou oportunidade para os produtores, a Síria se tornou um grande exportador e consumidor de anfetaminas.
Especialistas e ativistas locais dizem que a produção síria do mais popular dos estimulantes, o Captagon, cresceu em 2013, superando a de outros países da região, como o Líbano.
Um oficial de controle de drogas em Homs, na Síria, disse que observou os efeitos do Captagon sobre manifestantes e combatentes detidos para interrogatório. "Nós batíamos neles e eles não sentiam dor. Muitos riam enquanto lhes dávamos golpes pesados", disse.
Ele acredita que o governo exagera ao dizer que a droga prevalece entre adversários. Para ele, tanto membros da shabiha', grupo paramilitar a serviço de Bashar al-Assad, quanto rebeldes do Exército Sírio Livre são usuários.
Médicos dizem que civis também estão experimentando os comprimidos, vendidos por US$ 5 a US$ 20. Um psiquiatra entrevistado pela agência de notícias atribui o aumento do consumo às pressões econômicas e psicológicas decorrentes da revolução.
Entrevistas com comerciantes sugerem que este mercado gere centenas de milhões de dólares em receitas anuais, fornecendo financiamento para armas, embora a Reuters não tenha conseguido verificar independentemente as alegações.
A droga, produzida pela primeira vez no Ocidente na década de 1960 para tratar doenças como a depressão, foi proibida em 1980 na maioria dos países por ter propriedades viciantes.
Segundo o Unodc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), o consumo do Captagon fora do Oriente Médio é insignificante.
O colapso da infraestrutura, o enfraquecimento das fronteiras e a proliferação de grupos armados durante quase três anos de batalha pelo controle da Síria transformou o país em um importante local de produção.
Além disso, a localização geográfica do país o transformou em ponto de trânsito para as drogas vindas da Europa, da Turquia e do Líbano e destinadas à Jordânia, ao Iraque e ao Golfo.