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Ucranianos no Brasil veem rotina mudar

Descendentes enviaram carta ao governo brasileiro pedindo posição contrária à intervenção russa na Ucrânia

Comunidade no Paraná faz cultos a 'mártires da independência'; contato com parentes na Ucrânia passou a ser diário

ESTELITA HASS CARAZAI DE CURITIBA

Os cerca de 500 mil descendentes de ucranianos que vivem no Brasil, concentrados no Paraná, mudaram a rotina desde o início da crise.

O contato com os familiares europeus passou a ser diário, as TVs ficam ligadas o dia todo em canais de notícias e o assunto nas rodas de conversa invariavelmente envereda para a situação política da Ucrânia.

Os imigrantes que vieram para o Brasil no final do século 19, fugidos da pobreza e da instabilidade política, eram predominantemente da região oeste da Ucrânia, onde a influência russa é menor.

Hoje, eles formam comunidades expressivas no Paraná, especialmente no centro-sul do Estado. Nelas, têm sido feitos cultos e homenagens aos "mártires da independência", além de celebrações em praças e orações nas igrejas greco-católicas.

Em Prudentópolis (PR), onde 75% da população de 50 mil habitantes é descendente, a comunidade enviou até apoio financeiro aos rebeldes. Foram arrecadados cerca de R$ 2.300, destinados às vítimas dos protestos.

No início da semana, com o agravamento da tensão no país, entidades de representação enviaram cartas à presidente Dilma Rousseff e ao Ministério das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, pedindo que o Brasil se posicione contra a intervenção russa.

"Queremos que o governo brasileiro realize todos os esforços diplomáticos para evitá-la", diz Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, sediada em Curitiba.

"É isso que o povo ucraniano quer", avalia Roberto Oresten, presidente da Sociedade Ucraniana do Brasil.

Para ele e outros descendentes ouvidos pela Folha, é preciso lutar pela soberania da Ucrânia e evitar o domínio russo, que imperou sobre o país durante o regime soviético, ao longo do século 20.

"Seria uma volta ao passado", diz Oresten. "Já tivemos 70 anos de domínio russo e não foi bom. O povo quer seguir seu caminho de liberdade e independência."

"Não queremos repetir a história", concorda a descendente Meroslava Krevei, 75, que mora em Prudentópolis.

Enquanto a crise não chega ao fim, Sergio Maciura, 49, neto de ucranianos que vive em Curitiba, recorre "direto" ao Skype e ao Facebook para ter notícias de parentes. "Acho que isso acabou nos solidificando ainda mais como etnia ucraniana no Brasil", afirma.


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