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Morre aos 75 ex-líder tcheco Vaclav Havel

Dramaturgo e político foi um dos pais do movimento no Leste Europeu que levou à queda do Muro de Berlim

Resistência pacífica de Havel "abalou as fundações do império" comunista, de acordo com Barack Obama

do “guardian”

Vaclav Havel, 75, o dramaturgo dissidente que liderou a chamada Revolução de Veludo tcheca e foi um dos pais do movimento pró-democracia no Leste Europeu que acabou levando à queda do Muro de Berlim, morreu ontem. A causa não foi divulgada.

Havel foi um dramaturgo e ensaísta renomado que, depois da repressão da Primavera de Praga, em 1968, foi cada vez mais atraído para a luta política contra a ditadura comunista tcheca, que descreveu como o Absurdistão.

O envolvimento dele no movimento Carta 77 pela liberdade de expressão lhe valeu admiração mundial.

Seu engajamento com a resistência não violenta ajudou a assegurar que a Revolução de Veludo, que derrubou a ditadura em 1989, fosse livre de derramamento de sangue.

Também ajudou a garantir o caráter pacífico do "divórcio de veludo", três anos depois, quando a Tchecoslováquia se dividiu entre República Tcheca e Eslováquia.

Havel se opôs à divisão e preferiu renunciar ao mandato, em 1992, para não presidir sobre o processo.

Mas candidatou-se à Presidência da República Tcheca no início do ano seguinte e venceu. Era um cargo não executivo, mas Havel o imbuiu de autoridade moral e prestígio no palco mundial.

Ele permaneceu no cargo até 2003, apesar de enfrentar um câncer de pulmão.

Seu papel nas revoluções do Leste Europeu em 1989 só perdeu em importância para o de Lech Walesa, na Polônia.

Como inspirações do movimento pró-democracia, eles eram figuras contrastantes: enquanto Walesa era sindicalista operário, de fala direta e atitude bombástica, Havel era um intelectual discreto, filho de uma família abastada e alguém que se tornou político a contragosto.

O polonês foi um dos que manifestaram ontem sobre a morte de Havel, dizendo que ele era um "grande homem".

Para o presidente dos EUA, Barack Obama, "sua resistência pacífica abalou as fundações de um império, expôs o vazio de uma ideologia repressiva e provou que a liderança moral é mais poderosa que qualquer arma".

"A sua dedicação à liberdade e à democracia é tão inesquecível como sua grande humanidade. Nós, alemães, temos muito a agradecer", disse a chanceler Angela Merkel, que cresceu na comunista Alemanha Oriental.

O tcheco tinha roqueiros como Frank Zappa entre seus heróis e, ainda no fim da vida, continuou a assinar seu nome com um pequeno floreado em forma de coração.

Seu lema era: "A verdade e o amor devem prevalecer sobre as mentiras e o ódio".

Tradução de CLARA ALLAIN

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