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Itália abre guerra à sonegação fiscal no país

Medida tem como alvo reduzir dívida pública

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Desesperada para reduzir sua dívida de € 1,9 trilhão (R$ 4,5 trilhões), a Itália declarou guerra aos sonegadores e às famílias que "aliviam" suas declarações de renda.

As medidas incluem desde um pente-fino nas finanças de até 5 milhões de famílias à proibição (já em vigor, mas difícil de fiscalizar) de limitar pagamentos em dinheiro de mais de € 1.000 (R$ 2.400).

O comércio italiano está entre os mais pulverizados na zona do euro, com alta concentração de negócios familiares que facilitam a sonegação. Além disso, aluguéis e a compra de bens de valor médio são geralmente pagos em dinheiro, o que dificulta o controle das autoridades.

Em média, os italianos que têm cartões de crédito fazem só 26 transações por ano, cinco vezes menos do que os consumidores no Reino Unido, segundo o BC da Itália.

Na crise de endividamento europeia, esse hábito converteu-se em virtude. Segundo o Eurostat, os italianos são os consumidores menos endividados na zona do euro.

Fabrizio, por exemplo, administra com a irmã um restaurante perto da Piazza di Spagna, em Roma (ele pede para omitir o nome do lugar e o seu sobrenome).

A opção é clara: para pagamento em dinheiro, desconto de 15% na conta, com indicação logo na entrada do caixa eletrônico mais próximo.

O empresário diz preferir fazer a maior parte de seus gastos do dia a dia em dinheiro. Da compra de mercadorias ao pagamento de taxas.

Nas últimas semanas, o BC da Itália e o Fisco cruzaram várias informações. O resultado levou o ministro das Finanças, Giulio Tremonte, a declarar que são "falsas" as declarações de rendimento de 15 milhões de italianos.

E de quase 5 milhões de famílias que declaram não ter movimentado um único euro no último ano em suas contas bancárias. Algo suspeito quando 90% delas têm ao menos uma conta bancária.

Algumas projeções elevam a cerca de € 100 bilhões o volume de impostos que a Itália deixa de recolher por conta da sonegação, presente em todos os níveis da sociedade.

Italianos mais abastados teriam até € 150 bilhões depositados em bancos na vizinha Suíça, onde proliferam escritórios especializados em atender "investidores" que preferem dinheiro vivo.

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