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Movimento dos indignados elege cinco eurodeputados

Bipartidarismo na Espanha perde espaço para partido criado em março

Professor universitário lidera o Podemos, que conquistou o 3º lugar em Madri com ideias vindas de protestos

CAROLINA LINHARES DE SÃO PAULO JULIANO MACHADO EDITOR ADJUNTO DE MUNDO'

Se a ascensão da extrema direita já era prevista nas eleições para o Parlamento Europeu do último domingo (25), pelo menos os espanhóis tiveram uma grande surpresa --pela primeira vez desde 1987, quando o país passou a eleger eurodeputados, os dois principais partidos (o governista de centro-direita PP e o oposicionista socialista PSOE) não somaram mais de 50% dos votos.

No país, o grande protagonista do pleito foi o Podemos, partido criado em março, que com 1.245.948 votos (7,97%), elegeu cinco de 54 eurodeputados espanhóis e representa agora a quarta força política do país --atrás também da Izquierda Unida (IU).

Nesta semana, o líder do partido, Pablo Iglesias Turrión, 35, professor de ciência política da Universidade Complutense de Madri, não teve tempo para comemorar. "Só trabalho e reunião", disse à Folha.

Iglesias já esperava o bom resultado, mas não se deu por satisfeito. "Não superamos os partidos da casta, então não nos acomodamos", disse.

O partido adotou o discurso do movimento dos indignados na Espanha, que irrompeu em 2011, mas que, com diferentes reivindicações, segue mobilizando protestos de rua até hoje.

"O 15M [movimento social]mudou a agenda política espanhola colocando na mesa o problema da democracia. Não há democracia se as decisões são tomadas por instituições como o FMI e o Banco Central Europeu --que ninguém elegeu", disse.

Com propostas de participação popular, uma estrutura horizontal e financiamento via crowdfunding (foram € 150 mil no total), o Podemos foi uma alternativa para os espanhóis insatisfeitos com a gestão da crise econômica ""combatida com cortes nos serviços públicos e responsável pela alta taxa de desemprego, de 25,9%.

"Já existe uma maioria social consciente de que nosso governo não responde aos interesses das pessoas. Pensamos que essa maioria social pode ser convertida em maioria política", diz o professor.

Iglesias acredita na eficiência política dos protestos de rua, inclusive no Brasil.

"Estamos acompanhando com muito interesse as manifestações no contexto da Copa. As pessoas contestam que os recursos públicos sejam dedicados às instalações do Mundial, que só uma pequena parte da população vai aproveitar", contou à Folha.

PARLAMENTO

"No parlamento europeu, não queremos ser uma colônia da Alemanha", afirma. Entre outras propostas, o Podemos quer construir uma aliança com países do sul e limitar os salários dos políticos.

Iglesias militou na esquerda durante a adolescência seguindo o caminho escrito pelos pais, que escolheram seu nome em homenagem ao fundador do PSOE (Partido Socialista Obrero Espanhol).

Conhecido por participar de debates transmitidos pela internet e pela televisão, Iglesias venceu de forma esmagadora, com 20.661 votos, as primárias realizadas on-line.

A segunda colocada, Teresa Rodríguez Rubio, 32, uma professora do ensino fundamental ativista da "marea verde" (movimento social para educação), teve 1.436 votos.

Ao todo, 33.165 pessoas escolheram seus representantes --que não se colocam como políticos, e sim "gente como a gente".

Podemos, uma referência aos consagrados slogans "sí, se puede" ou "yes, we can", atraiu os movimentos sociais, ficando em terceiro lugar em Madri e em outras quatro comunidades autônomas.

Mesmo a IU, partido pelo qual a namorada de Iglesias se elegeu deputada em Madri, saudou o Podemos e especulou sobre uma possível união, já que ambos têm pautas semelhantes, principalmente contra a austeridade e a corrupção.


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