Polícia reprime protesto em Hong Kong
Representantes de movimento pró-democracia entram em choque com policiais em área central de território chinês
Polícia prendeu dezenas; chefe do governo diz que chance de mudar regras em eleições é 'quase zero'
Centenas de policiais foram mobilizados para retirar manifestantes pró-democracia de um túnel nas proximidades da sede do governo, na início da manhã desta quarta (fim da tarde no Brasil).
Nesta terça, a polícia já havia removido barricadas que estavam havia mais de 15 dias no bairro Admiralty.
O túnel foi bloqueado por um grande grupo de manifestantes, que expandiu a área de protestos depois de ter sido expulso das ruas que ocupava anteriormente.
Os policiais, equipados para um confronto com capacetes e escudos e usando spray de pimenta, foram para o túnel em número menor que os manifestantes. Saíram e retornaram horas mais tarde, com reforço, quando conseguiram tirar os bloqueios.
A TV local exibiu prisões de dezenas de manifestantes. Alguns eram levados pela polícia para um parque.
É a terceira semana de ocupação de áreas importantes da cidade por estudantes, que protestam contra a decisão chinesa de permitir apenas a participação de candidatos escolhidos pelo governo central nas eleições diretas no território, previstas para 2017.
Os manifestantes também pedem a renúncia do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying. O chefe do governo local afirmou que a chance de a China mudar as regras para a eleição é de "quase zero".
A tensão cresce tanto do lado dos manifestantes quanto do lado do governo.
"Acho que o governo não nos respeita", disse à agência Associated Press o manifestante Kevin Chan. "Eles [o governo] têm de negociar conosco e firmar um compromisso, caso contrário nós não vamos ceder."
As manifestações são um desafio sem precedentes para o governo do território.
Os organizadores dos protestos afirmam que mais de 200 mil pessoas foram às ruas para manifestações pacíficas desde que a polícia usou gás de pimenta para dispersar manifestantes desarmados no dia 28 de setembro.
A polícia também tem demonstrado impaciência crescente nas operações em áreas de protesto, sobretudo naquelas onde o fluxo de trânsito é interrompido, como no caso do túnel.
A remoção dos bloqueios no túnel ocorreu pouco depois da retirada de barricadas, na manhã de terça (noite de segunda no Brasil), em que a polícia usou serras elétricas e martelos.
A resposta dos manifestantes veio com a ocupação do túnel com pneus, pedaços de metal, blocos de concreto retirados de diques e barreiras de segurança de plástico preenchidas com água para dificultar a remoção.
Algumas partes formavam no chão o desenho de um guarda-chuva, que se tornou símbolo dos protestos (as manifestações tiveram início no período chuvoso).