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Medidas não são únicas causas dos problemas, diz pesquisador

DE TEERÃ

As novas sanções americanas ao Irã ainda não entraram em vigor, mas já causam pânico na população iraniana, que corre para se desfazer de seus bens por temer que se desvalorizem.

O impacto psicológico é diagnosticado pelo pesquisador iraniano-americano Kevan Harris, da Universidade Johns Hopkins (Baltimore, nos Estados Unidos), especialista em política econômica do Irã.

Ele concedeu entrevista à Folha por e-mail.

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Folha - Qual a situação da economia iraniana?

Kevan Harris - A situação geral não é boa. A melhor notícia para a população no último ano é que ela estava recebendo dinheiro vivo do governo. Apesar de parte desse dinheiro ir para atividades especulativas, acho que os pagamentos em espécie serviram para aumentar o padrão de vida da população.

Mas, se esses pagamentos perderem seu valor, o que já está acontecendo com a queda do rial, então as pessoas enfrentarão alta de preços sem o amparo dos subsídios para energia e alimentação que existiam antigamente.

Todos os maus indicadores são causados diretamente pelas sanções?

Diretamente, não. Há vários níveis de sanções, a maioria delas impostas pelos EUA. Sanções sobre transações financeiras vêm aumentando o preço dos produtos trazidos do exterior, enquanto os anúncios mais recentes causaram pânico no mercado de divisas. Portanto, anúncios de sanções tendem a desestabilizar um mercado doméstico já bastante incerto.

Qual o maior efeito das últimas sanções ao Irã?

O maior efeito parece ser o efeito psicológico nas pessoas, que acham que seus bens serão desvalorizados e agora correm para transferir seu capital para outro tipo de bens.

O país pode chegar ao ponto de se tornar economicamente inviável?

Inviável para quem? A vida pode ficar mais difícil para muita gente, sim, mas a guerra, econômica ou de outra forma, sempre gera possibilidade de benefícios. É provável que os iranianos de Dubai estejam faturando.

Qual a chance de a escalada com o Ocidente gerar um conflito militar?

Tomara que Obama perceba que uma guerra afundaria o mundo na recessão e o faria perder a eleição. Mas Washington não é um lugar onde os bons argumentos tendem a prevalecer. A situação é mais perigosa hoje do que nas conversas sobre guerra em 2005-2006.

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