Ataque da Jordânia mata refém americana, diz Estado Islâmico
Washington, porém, afirma não ter evidências de morte; para Amã, comunicado é 'propaganda'
Se informação for confirmada, subiria para quatro o número de cidadãos dos EUA mortos por milícia
Uma declaração atribuída ao Estado Islâmico (EI) afirmou que ataques aéreos da Jordânia mataram nesta sexta-feira (6) uma norte-americana que era mantida como refém nos arredores da cidade de Raqqa, no norte da Síria, principal reduto da milícia islâmica no país árabe.
A mulher foi identificada como Kayla Jean Mueller, 26, que foi à Síria fazer trabalho humanitário. Ainda não há, porém, confirmação independente da informação, e os EUA afirmaram não ter evidências de sua morte.
O governo jordaniano indicou duvidar do anúncio e o descreveu como uma provável tentativa de propaganda do Estado Islâmico.
A declaração marcou a segunda vez nesta semana que a facção radical informou sobre a morte de reféns.
Na terça-feira (3), o EI divulgou um vídeo mostrando o piloto jordaniano Muath al-Kaseasbeh sendo queimado vivo dentro de uma jaula.
O comunicado desta sexta-feira, que foi divulgado em um site militante normalmente usado pelo EI e também distribuído por usuários do Twitter afiliados à facção, disse que Mueller foi morta durante as preces muçulmanas --que normalmente ocorrem ao meio-dia de sexta-- por ataques aéreos que tiveram como alvo "o mesmo local por mais de uma hora".
A facção publicou fotos do suposto local bombardeado, revelando um prédio de três andares danificado. Nenhuma prova da morte ou imagem da mulher, porém, foram divulgadas.
Segundo a nota, o ataque não matou nenhum combatente do EI, levantando questões sobre se a americana estaria sozinha no prédio e se ela realmente foi morta.
A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional do presidente Barack Obama, Bernadette Meehan, disse que a Casa Branca "não viu por enquanto nenhuma evidência que corrobore" a alegação.
OFENSIVA
A Jordânia, que faz parte de uma coalizão liderada pelos EUA que ataca alvos da facção, aumentou sua ofensiva depois do anúncio da morte do piloto jordaniano.
Eric Schultz, porta-voz da Casa Branca, afirmou que os EUA coordenam com a Força Aérea da Jordânia os bombardeios. Ele não esclareceu, porém, se os EUA sabiam da localização da refém.
Apesar de dizer que o governo jordaniano verifica a informação, o porta-voz Mohammed al-Momani indicou que a vê com ceticismo.
"Como poderiam identificar um avião jordaniano no céu?", questionou. "[O anúncio] faz parte de sua propaganda criminosa", disse.
Mueller, de Prescott (Estado do Arizona), é a única refém dos EUA que ainda estaria em poder do EI. Um representante da família disse à Associated Press que ela foi capturada pela milícia em 2013.
O jornalista Austin Tice, do Texas, desapareceu em agosto de 2012 enquanto cobria a guerra civil síria. Não está claro qual grupo o mantém sob custódia, mas não seriam nem o EI ou as forças de Damasco, disse sua família.
Se a morte de Mueller for confirmada, ela será a quarta americana a morrer em um cativeiro da milícia.
Outros três americanos, os jornalistas James Foley e Steven Sotloff e o trabalhador humanitário Peter Kassig, foram decapitados pela facção.