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Análise

Sarkozy corre risco de ganhar o apelido de 'poodle de Merkel'

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

Em 2003, o então primeiro-ministro britânico Tony Blair recebeu o apelido de "poodle de Bush", devido ao apoio incondicional à política internacional do presidente dos EUA, que levou os dois países à Guerra do Iraque.

Agora, é Nicolas Sarkozy, presidente francês, que corre o risco de ganhar a mesma alcunha de sua oposição.

Sarkozy não seria o "lapdog" (que significa cachorro de colo e também puxa-saco) de Barack Obama, mas da chanceler alemã, Angela Merkel, principalmente em questões econômicas.

Em discussões sobre a crise europeia, ele buscou mostrar que tinha um papel central, junto com a colega alemã. Surgiu até o acrônimo "Merkozy" para os dois.

Mas, enquanto o presidente aparecia mais em entrevistas, na hora das decisões prevalecia a vontade de Merkel.

O francês tentou maior participação do Banco Central Europeu na compra de títulos públicos. A alemã disse não. Ele queria a criação dos eurobônus (títulos garantidos pelos países da União Europeia). Outro "nein".

Na segunda-feira da semana passada, a alemã conseguiu que 25 países da UE (União Europeia) assinassem acordo que prevê o que ela sempre defendeu: mais rigor fiscal e sanções aos que não cumprirem metas de redução de dívida e deficit públicos. Sarkozy seguiu sua "líder".

No dia anterior, ele deu entrevista à TV francesa que foi vista por 16 milhões (um quarto da população do país). Disse que a França precisa se espelhar na Alemanha e promover reformas trabalhistas que retirem direitos do trabalhador e reduzam os custos do empregador.

Por fim, quer a participação de Merkel em sua provável campanha à reeleição. O presidente aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos para a eleição de abril, com 23%.

O socialista François Hollande está na frente (29,5%) e ganharia no segundo turno, de acordo com a revista "Paris-Match".

Merkel torce abertamente por Sarkozy e sabe que a vitória de Hollande representaria um enorme revés em sua política para a Europa.

Alain Minc, um conselheiro de Sarkozy, diz que ele aprendeu a gostar de Merkel e que hoje há afeição entre os dois. Blair também gostava de Bush, que disse ser esperto, íntegro e corajoso.

Os dois amigos deixaram seus cargos com enorme impopularidade. Sarkozy ainda tenta um futuro melhor.

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