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Obama recua e apoia doador "poderoso"

Campanha democrata adere a artifício de comitês de financiadores cujos "interesses" presidente criticou em 2010

Grupos podem obter quantias ilimitadas e adiar a divulgação dos nomes dos doadores; alvo é ataque a rivais

VERENA FORNETTI
ENVIADA ESPECIAL A DENVER, COLORADO

Representantes da campanha de Barack Obama recuaram e passarão a apoiar explicitamente o superPAC (grupo que levanta fundos para os candidatos) Priorities USA Action.

"Decidimos [apoiar o PAC] porque não podemos deixar que o trabalho que vocês estão fazendo nas comunidades seja destruído por milhões de dólares investidos em propaganda negativa", disse Jim Messina, coordenador da reeleição presidencial.

Os superPACs foram autorizados pela Suprema Corte americana em 2010, mas são alvo de polêmica.

Eles podem levantar quantias ilimitadas com empresas ou indivíduos e se aproveitam de brechas legais para adiar a divulgação dos nomes dos contribuintes.

No passado, Obama havia criticado esses grupos, que são considerados independentes e, portanto, não podem coordenar suas ações diretamente com o partido político que apoiam.

"Eu não acho que as eleições americanas devam ser financiadas pelos interesses mais poderosos nos EUA, ou pior, por entidades estrangeiras. Elas devem ser decididas pelo povo", disse o presidente, em 2010, ano em que a regulação ficou mais favorável aos grupos que levantam doações para os candidatos.

Representantes de Obama poderão aparecer nos eventos do superPAC, administrado por ex-assessores da Casa Branca. O fundo já arrecadou US$ 4,4 milhões (R$ 7,5 milhões). O presidente não deverá comparecer a eventos promovidos pelo grupo ou pedir doações a ele, mas pode expressar apoio público.

Um dos objetivos dos PACs é financiar campanhas negativas contra adversários. O Priorities USA Action não era tão ativo quanto os supercomitês republicanos (que já levantaram dezenas de milhões de dólares), mas tem ficado mais atuante.

SETOR FINANCEIRO

O superPAC de Mitt Romney, líder nas pesquisas de intenção de voto na corrida republicana, arrecadou US$ 30 milhões (R$ 51,7 milhões), vindos de menos de 200 doadores. A maior parte se originou de pessoas e empresas do setor financeiro.

Mas, se por um lado o fundo de Romney é mais robusto que o do democrata, a campanha arrecadou menos dinheiro que a de Obama. Segundo o site "Open Secrets", para transparência eleitoral, a campanha de Obama tem US$ 125 milhões (R$ 215 milhões), e a de Romney, US$ 57 milhões (R$ 98 milhões).

O grupo de Romney investiu em anúncios contra Newt Gingrich nas campanhas na Flórida e em Nevada. Romney ganhou em ambos os Estados. O material publicitário do Priorities USA Action centra-se em gafes de Romney, sobretudo relacionadas ao mercado de trabalho.

DEVOLUÇÃO

A campanha de Obama prometeu devolver os US$ 200 mil doados pela família do empresário mexicano Juan Jose Rojas Cardona.

Ele desapareceu em 1994 após pagar fiança para deixar a prisão em Iowa, acusado de tráfico de drogas. Nos anos posteriores, seu nome foi ligado a casos de violência e corrupção no México.

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