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Grécia tem dia violento após pacote de corte

Além dos sindicatos, que deflagraram ontem a segunda greve geral na semana, houve cinco baixas no ministério

País tenta empréstimo de € 130 bilhões para pagar dívida e evitar calote; Europa exige ainda mais cortes

Petros Giannakouris/Associated Press
Manifestante atira coquetel molotov contra policiais em Atenas, no primeiro dia da greve geral contra novos cortes
Manifestante atira coquetel molotov contra policiais em Atenas, no primeiro dia da greve geral contra novos cortes

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Um dia após os principais partidos gregos aceitarem um pacote drástico de cortes para tentar satisfazer os credores internacionais, o país explodiu em revolta, crise política e recriminações.

Escolas, bancos, portos, órgãos governamentais e a rede de transporte de Atenas pararam. Cerca de 10 mil pessoas participaram de manifestações na praça Sintagma, em frente ao Parlamento. Houve conflitos com a polícia local, que usou bombas de gás lacrimogêneo em resposta às pedras e aos coquetéis molotov.

O acordo fechado anteontem, mas que ainda não foi aceito pelas autoridades da Europa e do FMI, envolve, entre outras medidas, o corte de 22% do salário mínimo, hoje de € 751 (R$ 1.700), e demissões no funcionalismo.

Com a turbulência nas ruas, o governo contabilizou cinco demissões no ministério e viu um partido de ultradireita, o Laos, abandonar o compromisso de votar a favor das medidas. As Bolsas europeias caíram: Paris recuou 1,51%, Londres, 0,73%, e Frankfurt, 1,41%.

A defecção do partido a princípio não põe em risco a aprovação pelo Parlamento, uma vez que a legenda tem 16 deputados em 300 no total. O plano com as reformas foi aprovado ontem pelo governo e deve ser votado pelos parlamentares amanhã.

Mas gera mais incerteza sobre o apetite político dos gregos em aceitar o que a chamada "troica" -FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia- exige para liberar pacote de € 130 bilhões.

Sem o dinheiro, restarão à Grécia dar calote em sua dívida -o que pode gerar efeito cascata em países como Itália e Espanha- e até abandonar a zona do euro.

"Os credores querem 40 anos de submissão (...) Isso que nos foi imposto é uma humilhação que não vou tolerar", afirmou George Karatzaferis, líder do Laos.

Os credores pedem € 325 milhões em cortes, além dos cerca de € 3 bilhões já aprovados, e mais um cronograma de reformas e cortes.

Sem o empréstimo, a Grécia não terá como pagar, em março, uma parcela (de € 14,5 bilhões) de sua dívida.

CAOS INCONTROLÁVEL

Ontem, o premiê Lucas Papademos declarou que não se pode "deixar que a Grécia vá à falência". Para ele, um calote da dívida geraria "caos econômico incontrolável e uma explosão social".

"É um tempo de decisões difíceis, temos que escolher entre sacrifícios e sacrifícios ainda maiores", resumiu Evangelos Venizelos, ministro das Finanças do país.

Para a agência Fitch, a questão para evitar um calote não é mais só a obtenção do empréstimo, mas o prazo em que isso acontecerá. O ideal é que ocorra nos próximos dias, disse Tony Stringer, um dos diretores da Fitch.

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