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Grécia tem dia violento após pacote de corte Além dos sindicatos, que deflagraram ontem a segunda greve geral na semana, houve cinco baixas no ministério País tenta empréstimo de € 130 bilhões para pagar dívida e evitar calote; Europa exige ainda mais cortes
DE LONDRES Um dia após os principais partidos gregos aceitarem um pacote drástico de cortes para tentar satisfazer os credores internacionais, o país explodiu em revolta, crise política e recriminações. Escolas, bancos, portos, órgãos governamentais e a rede de transporte de Atenas pararam. Cerca de 10 mil pessoas participaram de manifestações na praça Sintagma, em frente ao Parlamento. Houve conflitos com a polícia local, que usou bombas de gás lacrimogêneo em resposta às pedras e aos coquetéis molotov. O acordo fechado anteontem, mas que ainda não foi aceito pelas autoridades da Europa e do FMI, envolve, entre outras medidas, o corte de 22% do salário mínimo, hoje de € 751 (R$ 1.700), e demissões no funcionalismo. Com a turbulência nas ruas, o governo contabilizou cinco demissões no ministério e viu um partido de ultradireita, o Laos, abandonar o compromisso de votar a favor das medidas. As Bolsas europeias caíram: Paris recuou 1,51%, Londres, 0,73%, e Frankfurt, 1,41%. A defecção do partido a princípio não põe em risco a aprovação pelo Parlamento, uma vez que a legenda tem 16 deputados em 300 no total. O plano com as reformas foi aprovado ontem pelo governo e deve ser votado pelos parlamentares amanhã. Mas gera mais incerteza sobre o apetite político dos gregos em aceitar o que a chamada "troica" -FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia- exige para liberar pacote de € 130 bilhões. Sem o dinheiro, restarão à Grécia dar calote em sua dívida -o que pode gerar efeito cascata em países como Itália e Espanha- e até abandonar a zona do euro. "Os credores querem 40 anos de submissão (...) Isso que nos foi imposto é uma humilhação que não vou tolerar", afirmou George Karatzaferis, líder do Laos. Os credores pedem € 325 milhões em cortes, além dos cerca de € 3 bilhões já aprovados, e mais um cronograma de reformas e cortes. Sem o empréstimo, a Grécia não terá como pagar, em março, uma parcela (de € 14,5 bilhões) de sua dívida. CAOS INCONTROLÁVEL Ontem, o premiê Lucas Papademos declarou que não se pode "deixar que a Grécia vá à falência". Para ele, um calote da dívida geraria "caos econômico incontrolável e uma explosão social". "É um tempo de decisões difíceis, temos que escolher entre sacrifícios e sacrifícios ainda maiores", resumiu Evangelos Venizelos, ministro das Finanças do país. Para a agência Fitch, a questão para evitar um calote não é mais só a obtenção do empréstimo, mas o prazo em que isso acontecerá. O ideal é que ocorra nos próximos dias, disse Tony Stringer, um dos diretores da Fitch. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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