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PIB da Grécia encolhe 7% no fim de 2011 País precisa de novo empréstimo para escapar de calote, mas Europa adia a reunião em que liberaria os recursos Ministro das Finanças alemão afirma que o continente está mais preparado do que antes para Atenas sair do euro
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS O PIB da Grécia despencou 7% no último trimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano anterior, o que acentua ainda mais a recessão econômica no país. No terceiro trimestre, a queda já havia sido de 5%. A implementação de medidas de austeridade exigidas pelos credores internacionais colaborou para os resultados. Mas os números desanimadores não tiveram efeito sobre os líderes europeus. Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo (conselho de ministros das Finanças da zona do euro), adiou de hoje para segunda-feira a reunião para deliberar sobre novo empréstimo ao país. Mesmo após a aprovação de um duro pacote de austeridade no Parlamento grego na madrugada de anteontem, em meio a protestos da população, Juncker diz que ainda há tarefas a cumprir. A Grécia, segundo ele, não explicou aos credores como cortará € 325 milhões do Orçamento deste ano e não entregou a análise de sustentabilidade da dívida. Por fim, os líderes dos partidos socialista e conservador, que integram a base governista, não enviaram aos órgãos da União Europeia a garantia, por escrito, de que manterão o pacote de austeridade após as eleições, no mês de abril. O tempo corre contra a Grécia. Uma parcela (€ 14,5 bilhões) da dívida vence no dia 20 de março. Se o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional não liberarem o empréstimo de € 130 bilhões, o país pode declarar moratória e deixar a zona do euro. Essa hipótese, contudo, já não assusta alguns dos líderes europeus. Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, disse a uma emissora de TV de seu país que a Europa hoje está mais preparada para lidar com um calote grego e uma saída do país da união monetária do que há dois anos. EFEITOS DA CRISE A crise parece ter aumentado a rejeição aos imigrantes no país. "O centro já foi melhor. Hoje está cheio de pedintes, e a maioria não é daqui, vem da Bulgária, da Romênia, dos Bálcãs", declara Panaiotis Petropoulos, 48, que trabalha em um bar perto da praça Sintagma. Para ele, mesmo em recessão e com alto índice de desemprego, a Grécia é uma opção melhor do que países do Leste Europeu, já que "todos os lugares sofrem com os efeitos da crise internacional". Já o vendedor de flores Steve Arvanitis, dono de loja vizinha ao Parlamento há 36 anos, acredita que o país passará por uma revolução em pouco tempo. "A culpa é mais dos políticos que da economia. Eles são todos iguais, todos corruptos. Durante a Olimpíada, em 2004, os membros do Parlamento faturaram muito." Arvanitis disse à Folha que seus negócios estão indo "mal, muito mal", e que 2011 foi o ano de pior movimento desde que tem a loja. Ontem, o centro de Atenas estava tranquilo, dois dias após onda de violência que deixou 50 prédios queimados. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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