Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Foco

Cidade russa proíbe 'protesto' promovido por brinquedos

KEVIN O’FLYNN
DO “GUARDIAN”, EM MOSCOU

Não houve muitos comícios como esses na Rússia, até agora. Na verdade, não houve nenhum.

No mês passado, dezenas de brinquedos, variando de ursos de pelúcia a bonecos Lego, protestaram na neve de uma cidade da Sibéria com cartazes onde se liam queixas sobre a corrupção e sobre manipulação de eleições.

As autoridades em Barnaul declararam o protesto "evento público não autorizado".

Agora, uma petição para realizar um novo protesto envolvendo cem brinquedos do Kinder Ovo, cem bonecos de Lego, 20 soldadinhos de chumbo, 15 bichos de pelúcia e dez carrinhos foi rejeitada porque os brinquedos, consideraram as autoridades, "não são cidadãos russos".

"É fácil compreender que brinquedos, especialmente importados, não apenas não são cidadãos da Rússia como nem mesmo são pessoas", disse Andrei Lyapunov, porta-voz do governo de Barnaul.

Na manifestação anterior, a polícia, perplexa, não sabia o que fazer quanto aos brinquedos, que seguravam faixas com dizeres como "quero eleições limpas" e "lugar de ladrão é na cadeia, não no Kremlin [palácio que abriga o presidente]".

Depois de registrar os criminosos plásticos em fotos e vídeos, os policiais solicitaram que a promotoria local determinasse a legalidade daquela forma de protesto.

"Essa maneira de manifestação provavelmente não teria se tornado tão popular se a reação das autoridades não tivesse sido tão radical e absurda", disse a ativista Lyudmila Alexandrovna.

Mas as autoridades não parecem dispostas a recuar.

"Nem brinquedos nem, por exemplo, bandeiras, louças ou eletrodomésticos podem participar de um protesto", disse Lyapunov.

A situação é típica da nova onda de manifestações na Rússia, caracterizadas pelo humor absurdo.

Depois de um grande comício em Moscou, em dezembro, o protesto foi reencenado com bonecos de Lego e postado no YouTube, dias mais tarde. Atos com brinquedos se tornaram moda e aconteceram em quatro outras cidades russas.

A despeito da proibição, o grupo de protesto diz que procurará outro caminho.

Uma possibilidade, disse o ativista Sergei Andreev, é um piquete individual.

"Um brinquedo será posicionado em posição de protesto, e os demais ficarão em um banco, à distância", afirma Andreev.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.