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Crise reduz apreensão de ilegais nos EUA

Em 2011, número de estrangeiros detidos pelas autoridades foi de 340 mil; número é tão baixo quanto o de 1971

Pesquisadora aponta que pode haver uma mudança na origem dos fluxos, com menos gente de México e Brasil

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

O muro que separa pedaços da fronteira dos Estados Unidos com o México é cada vez menos cruzado. É o que indicam dados do governo americano e de institutos independentes de pesquisa.

Segundo órgão do Departamento de Segurança Nacional, no ano fiscal (outubro a setembro) encerrado em 2011 os oficiais apreenderam 340 mil estrangeiros ilegais. A última vez em que os EUA registraram um número tão baixo havia sido em 1971.

Estimativa do Pew Research Center aponta que a população de imigrantes ilegais nos EUA somava 11,2 milhões em 2010, número estável em relação ao ano anterior.

Entretanto, a estabilidade veio depois de uma inversão: 2009 registrou o primeiro recuo significativo após duas décadas de crescimento.

"O fim da imigração latino-americana é uma tendência a se observar em 2012?", diz a pesquisadora Shannon O'Neil, do Council on Foreign Relations, em artigo recente.

Ela ressalta que a crise econômica nos EUA, a criação de empregos em mercados emergentes e a mudança demográfica no México, onde há menos gente entrando no mercado de trabalho, contribuíram para frear o fluxo de pessoas entre os países.

"O boom da imigração mexicana da década de 90 e início dos anos 2000 dificilmente será repetido na história."

A analista afirma que o endurecimento da política americana de imigração após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 ajudou a diminuir a população de estrangeiros ilegais.

De acordo com nota do Customs and Border Protection, órgão que patrulha a fronteira, houve aumento na tecnologia de policiamento e no número de oficiais.

Segundo outro órgão do governo, o ICE (Immigration and Customs Enforcement), as deportações de estrangeiros também cresceram, tendo atingido recorde de dez anos em 2011.

À Folha O'Neil disse que a recuperação da economia americana, quando ocorrer, deve incentivar a vinda de imigrantes. Mas ela destaca que o crescimento de países latino-americanos pode mudar o cenário.

"Enquanto o Brasil continuar tendo bom desempenho econômico, com baixo desemprego, a tendência [de queda na vinda de brasileiros e retorno dos que estavam nos EUA] deve continuar."

Natalicia Tracy, do Centro do Imigrante Brasileiro, que presta assistência a brasileiros em Boston, diz que muitos imigrantes, especialmente os que vivem nos EUA com a família, estão voltando.

MUDANÇA DE RUMOS

Para Aaron Terrazas, do Migration Policy Institute, há uma mudança de rumos nos padrões imigratórios.

Segundo ele, por um lado há menor demanda por trabalhadores para construção civil nos EUA, mas também há necessidade de pessoas para trabalhar nas áreas de saúde e cuidado dos idosos.

"Conforme a geração nascida no pós-guerra envelhece, demanda mais serviços."

"Os níveis de educação no México estão se aproximando de padrões americanos. A expectativa de que o México continuamente servisse como uma fonte de trabalhadores pouco qualificados para os EUA provavelmente será testada nos próximos anos", afirma ele.

A pesquisadora do Council on Foreign Relations acrescenta que pode haver uma mudança na origem dos fluxos, com menos trabalhadores vindos de países como o México e o Brasil e mais mão de obra chegando da China e da América Central.

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