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ONU lista responsáveis por violência síria

Comissão aponta altos funcionários do regime que ordenaram 'crimes contra humanidade', mas não divulga nomes

EUA, Europa e Liga Árabe preveem ultimato ao ditador para cessar-fogo e permitir entrada de ajuda humanitária

Bulent Kilic/France Presse
Opositores sírios, com bandeira do país pré-Assad, acompanham funeral de uma vítima da violência na cidade de Idlib
Opositores sírios, com bandeira do país pré-Assad, acompanham funeral de uma vítima da violência na cidade de Idlib

ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO

A comissão de investigação da ONU sobre a Síria, presidida pelo professor brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, listou os responsáveis do regime por "crimes contra a humanidade", o que abre caminho para que sejam julgados por órgãos internacionais.

Em seu segundo relatório, divulgado ontem, a comissão disse ter entregue a lista em um envelope lacrado à ONU.

Os nomes incluem funcionários do mais alto escalão do governo. Supõe-se que o ditador Bashar Assad esteja entre os acusados, o que Pinheiro não confirma. Ontem, mais 46 pessoas foram mortas no país, segundo ativistas.

"O Conselho de Direitos Humanos nos pediu que identificássemos autores responsáveis por crimes contra a humanidade. Não inventamos isso", disse Pinheiro à Folha.

Não está claro que desdobramento a ONU dará à lista. Segundo o brasileiro, a população síria deve decidir o que ocorrerá com essas pessoas.

"É claro que, como ocorreu na América Central e na América do Sul, órgãos internacionais poderão ajudar no trabalho de responsabilização por esses crimes."

O relatório de ontem é uma atualização do primeiro texto, entregue em novembro. E, como da primeira vez, a comissão não teve a entrada no país autorizada pelo regime.

O relatório teve como base depoimentos de vítimas, opositores e a versão oficial síria.

RESPOSTA BRUTAL

Para Pinheiro, o que mais impressionou o grupo foi "a continuidade das violações, o aumento da intensidade e o progressivo recurso às armas" no país.

"Não houve nenhum esforço do governo para conter essa violência", afirma. Segundo Pinheiro, até junho, as manifestações foram pacíficas. "Mas o regime sírio respondeu de uma maneira tão brutal, que só agravou a situação."

Esse é outro ponto importante do relatório: o crescimento da violência dos opositores. "Os grupos antigoverno também cometeram abusos, mas não em escala e organização comparáveis aos cometidos pelo Estado", diz o texto.

Hoje, na primeira reunião do grupo chamado "Amigos da Síria", na Tunísia, EUA, europeus e a Liga Árabe vão preparar um documento com um ultimato a Assad.

O texto deverá exigir o cessar-fogo e a permissão de ajuda humanitária no país. Caso aprovada, a resolução pode pedir o cumprimento das medidas em 72 horas, sob pena de sanções.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sugeriu ontem que a oposição síria começará a ter apoio externo contra as forças de Assad. "Estas serão forças cada vez maiores de oposição, que encontrarão meios capazes de defender a si mesmos assim como começar medidas ofensivas", afirmou.

Rússia e China já anunciaram que boicotarão a reunião na Tunísia. Ambos vetaram resolução contra a Síria no Conselho de Segurança.

Ontem, o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, foi nomeado enviado especial conjunto das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, a fim de promover uma "solução pacífica".

Com agências de notícias

FOLHA.com
Leia entrevista com Paulo Sérgio Pinheiro
folha.com/no1052745

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