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Agência classifica dívida grega como 'calote seletivo'

Decisão tem relação com dispositivo que permite a Atenas impor a credores desconto em seus títulos

Notícia vem no mesmo dia em que Parlamento alemão aprova sua participação no pacote de ajuda à Grécia

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

A agência de classificação de riscos Standard & Poor's rebaixou ontem à noite a nota da Grécia para a categoria de calote seletivo.

A justificativa são os termos que o país oferece para o acordo com os credores do setor privado.

A Grécia implementou a chamada cláusula de ação coletiva, dispositivo que permite ao país -ao obter as respostas de 50% dos credores, com dois terços favoráveis ao perdão voluntário- forçar os demais a também aceitar as perdas.

A própria agência admite, contudo, que elevará a classificação do risco da Grécia para "CCC", nota que ainda demonstra risco de inadimplência, caso esse acordo seja bem-sucedido.

O presidente do conselho de ministros das Finanças da zona do euro, Jean Claude Juncker, rapidamente enviou um comunicado à imprensa declarando que esse rebaixamento já estava previsto e foi levado em consideração pelas autoridades na elaboração do plano.

A Grécia tem até o dia 12 de março para concluir a operação com os credores, uma das exigências da "troica" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) para a liberação de um novo auxílio financeiro.

ALEMANHA

Também ontem, mesmo com a opinião pública reticente, o Parlamento alemão aprovou a participação do país nesse segundo pacote de resgate à Grécia.

Com isso, a Alemanha deve contribuir com € 36 bilhões dos € 130 bilhões que serão emprestados a Atenas para que o país consiga evitar um calote, ao menos no curto prazo. No dia 20 de março, a Grécia precisa pagar parte da dívida, de € 14,5 bilhões.

Há duas condições para que a parte alemã do empréstimo seja efetivada: a Grécia deve implementar as reformas e medidas de austeridade que prometeu e o acordo com os credores privados precisa ser bem-sucedido.

Em seu discurso para defender o empréstimo, a chanceler Angela Merkel declarou que, embora haja riscos e o pacote possa não ser a solução definitiva, é preciso manter a zona do euro intacta.

"A Europa fracassará se o euro fracassar. A Europa vencerá se o euro vencer", afirmou. Sua coalizão, contudo, já tem dúvidas sobre a moeda única continuar na Grécia.

No fim de semana, o ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, declarou à revista "Der Spiegel" que o país mediterrâneo teria mais chances de recuperar sua economia se abandonasse o euro. Pressionado, Friedrich voltou atrás e votou favoravelmente ao empréstimo.

Nesta semana, os líderes europeus se reunirão para discutir aumento do fundo europeu permanente de resgate a países em crise.

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