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EUA aceitam que Assad dê lugar a aliado

Nº 2 da diplomacia americana, William Burns diz à Folha que alguém da confiança do ditador pode ocupar seu posto

Em visita ao Brasil, ele afirma que modelo de transição é o do Iêmen, onde ditador deu lugar a seu vice-presidente

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Os EUA ainda apostam em um acordo de transição na Síria, nos moldes do que levou à renúncia do ditador do Iêmen, disse à Folha William Burns, subsecretário de Estado americano.

O número dois da diplomacia de Washington afirmou que seu governo dá o "maior apoio possível" à missão do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, recém-indicado pelas Nações Unidas e pela Liga Árabe para tentar mediar um acordo entre o regime de Bashar Assad e a oposição.

"A chave é pôr em movimento uma transição real. Quanto mais durar o derramamento de sangue, maior o risco não apenas de mais mortes, mas de o extremismo se tornar uma força mais significativa, de a violência sectária ultrapassar as fronteiras sírias", disse Burns.

O subsecretário veio ao Brasil preparar a visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, em abril. Além dos temas bilaterais, tratou de Síria e Irã ontem com o chanceler Antonio Patriota.

"Nosso compromisso é aumentar as consultas sobre desafios políticos e econômicos no mundo. Compartilhamos com o Brasil a repulsa aos abusos de direitos humanos cometidos na Síria", disse.

No Iêmen, a transferência do poder de Ali Abdullah Saleh para seu vice, Abd Rabbuh Mansur Hadi, foi negociada pelo Conselho de Cooperação do Golfo e confirmada em eleição há 11 dias. Hadi foi incumbido de formar governo de união nacional.

O esquema é semelhante ao proposto pela Liga Árabe para a Síria e responde ao temor americano de que armar a oposição possa fortalecer grupos ligados à Al Qaeda.

Sobre a declaração do presidente Barack Obama de que fala sério quando ameaça atacar o Irã para evitar que o país faça a bomba, Burns disse que "deixou claro" a Patriota a "urgência" da questão, mas que há tempo de Teerã responder às dúvidas sobre seu programa nuclear.

Ele afirmou que o Irã "tem o direito" a um projeto pacífico. Não respondeu se isso inclui o enriquecimento de urânio, mas apontou que o programa nuclear do Brasil (que faz isso) é "exemplo importante e positivo".

Apesar do mal-estar provocado pelo cancelamento da licitação da Força Aérea americana vencida pela Embraer, Burns disse que a cooperação em defesa é "importante para a parceria bilateral". Ele disse que os EUA estão dispostos a transferir tecnologia.

A inovação tecnológica, objeto de duas comissões conjuntas criadas após a visita de Obama ao Brasil, em 2011, será um dos "pontos altos" da agenda de Dilma nos EUA, disse Burns, que citou energia e fármacos como setores a serem explorados.

Leia a íntegra da entrevista de Burns
folha.com/no1056497

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