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China discute economia e reforma penal

Temas devem dominar o encontro de cúpula do Partido Comunista do país asiático, que começa hoje em Pequim

Reunião é uma espécie de prévia antes da troca do comando do país; previsão é que mudança ocorra ainda em 2012

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

O Partido Comunista chinês inicia hoje o seu último grande encontro antes da troca da cúpula, no final do ano.

Os temas oficiais da agenda incluem a reforma da Lei de Procedimento Criminal e economia, enquanto um dos principais assuntos paralelos será o futuro político do neomaoísta Bo Xilai, recém-envolvido num escândalo.

Hoje, começará a reunião anual do Comitê Nacional da Conferência Política Consultiva da China. Formalmente, é o principal conselho político da China, com 2.262 delegados de todo o país.

Na segunda-feira, será inaugurado o Congresso Nacional do Povo. Com duração de dez dias, é mais importante por se tratar do corpo legislativo. A plenária é composta por cerca de 3.000 delegados, entre os quais chefes regionais do PC, empresários, oficiais das Forças Armadas e intelectuais.

Por ser um ano de transição após uma década de Hu Jintao como dirigente máximo e de Wen Jiabao como primeiro-ministro, a expectativa é a de que não haja desta vez grandes decisões, sobretudo na economia.

"As políticas de apoio ao crescimento serão lançadas para assegurar estabilidade econômica e social -a principal prioridade antes da troca da liderança. As iniciativas de reforma provavelmente serão reforçadas, mas a implementação deve ser gradual", previu um relatório recente do HSBC.

O banco prevê crescimento mínimo de 7,5% para este ano (o PIB de 2011 aumentou 9,2%, com uma meta oficial de 8%). Já a meta de inflação, a principal preocupação do governo no ano passado, deve ficar em 4%.

O Congresso deve ainda avaliar uma ampla proposta de reforma penal. Defensores das mudanças afirmam que os advogados terão melhores condições de trabalho e que haverá regras mais claras. Para críticos, o Estado terá mais poder para investigação secreta e prisões arbitrárias.

Hu e Wen deverão ser substituídos pelo vice-presidente Xi Jinping e pelo vice-premiê, Li Keqiang, respectivamente. Mas ainda falta decidir outros nomes que formam o Comitê Permanente, cúpula do governo formada por nove dirigentes comunistas, dos quais sete serão trocados.

CASO DE CORRUPÇÃO

As negociações paralelas devem ser decisivas para Bo, envolvido num grande escândalo depois que seu ex-chefe da polícia Wang Lijun, afastado por corrupção, tentou asilo num consulado norte-americano. Ele deixou a representação diplomática após várias horas e está desaparecido desde então.

Governador de Chongqing, no centro do país, Bo disputa uma vaga no Comitê Permanente. Ele tem cultivado uma imagem de líder anticorrupção que quer retomar os valores do PC de antes das reformas de Deng Xiaoping, nos anos 80 e 90.

O tema se tornou "sensível" no país. Nesta semana, a Folha procurou 31 professores para comentar seu futuro político. Nenhum quis ser entrevistado.

Um dos pontos altos do congresso legislativo será o último discurso anual de Wen com o balanço de governo, na segunda-feira, dia em que também será apresentado o Orçamento deste ano.

Colaborou SUN NINGYI, de Pequim

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