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Comitês de arrecadação alimentam prévia nos EUA

Republicanos votam amanhã na Superterça

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A CINCINNATI (OHIO)

Seja qual for o resultado da Superterça amanhã, quando dez Estados dos EUA votarão para escolher o candidato da oposição à Presidência, uma campanha paralela e sem limite financeiro feita por grupos supostamente independentes alongará a disputa.

São os "superPACs", grupos de ação política que contornam a lei eleitoral por não terem vínculo formal com candidatos nem partidos, mas que recolhem doações em seu nome e bancam comerciais a seu favor.

Surgidos após uma decisão da Suprema Corte em 2010 e muitas vezes formados por ex-assessores dos políticos, estão mudando a cara da campanha nos EUA.

"Nesta eleição, teremos mais dinheiro obscuro do que nunca", disse Anthony Corrado, um especialista em finanças de campanha ligado ao centro de estudos Brookings, em um evento sobre o tema em Washington.

Até agora, os superPACs que beneficiam candidatos específicos gastaram US$ 66,5 milhões, segundo o Centro por uma Política Responsável, que rastreia doações. É mais do que qualquer candidato individualmente.

Porque podem contar com alguns doadores-chave milionários, eles têm sido cruciais para manter financeiramente vivas as candidaturas do ex-senador Rick Santorum, segundo colocado nas pesquisas nacionais, e do ex-presidente da Câmara Newt Gingrich, o terceiro, mesmo quando eles sofrem reveses.

"A prévia partidária não pode depender de dinheiro", insistia Santorum em comício em Cincinnati (Ohio) no último sábado ao ver sua vantagem no principal Estado da Superterça sumir sob a intensa campanha de Mitt Romney, tido como favorito para representar o partido.

"O foco tem de ser motivar as pessoas, pois ninguém terá mais verba do que o presidente [Barack] Obama", alegava, aludindo ao caixa do democrata -mais bem fornido, mas que conta com menos superPACs a seu favor.

NA SURDINA

"A questão é que agora há grupos que fazem basicamente o que os partidos faziam, mas sem limites e sem sequer prestar contas", observou Trevor Potter, ex-conselheiro da Comissão Federal Eleitoral hoje no Brookings.

A Superterça deixou evidente a ação desses grupos.

Com a competição pulverizada e sem precisarem revelar doadores, eles assumiram o ônus da campanha "suja" que virou praxe neste ano.

Na semana encerrada sábado, os US$ 10,2 milhões gastos pelos superPACs já beiravam os US$ 11,8 milhões da primária na Flórida, a mais importante até então. Na conta que vai até amanhã, devem ultrapassá-los.

Paralelamente, a arrecadação dos candidatos caiu em relação à campanha de 2008, cujas somas foram históricas.

Naquele ano, em janeiro, Obama levantara US$ 36 milhões, e o senador republicano John McCain, seu futuro rival, US$ 11 milhões. Neste ano, Obama conseguiu US$ 11 milhões, e Romney, US$ 6,2 milhões no mesmo mês.

"Os candidatos dependem agora desses superPACs", disse Corrado. "E sentem menos pressão para arrecadar, pois podem contar com toda uma campanha paralela semelhante às oficiais."

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