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Grécia conclui maior calote da história

Reestruturação imposta a credores evita moratória desorganizada, mas não há garantias de que país volte a crescer

Com o acordo, Atenas habilita-se a receber da Europa e do FMI novo pacote de ajuda no valor de € 130 bilhões

Simela Pantzartzi/Efe
O primeiro-ministro grego, Lucas Papademos (esq.), conversa com o ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos
O primeiro-ministro grego, Lucas Papademos (esq.), conversa com o ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

A Grécia celebrou ontem os resultados do acordo com os credores do setor privado, que resultou no maior calote da história. Mas persistem as dúvidas quanto à capacidade do país de voltar a crescer.

O governo disse que 85,8% dos investidores aceitaram, sob pressão, trocar títulos por papéis de prazo maior e juros e valor menores.

Para chegar a 95,7%, o governo decidiu usar as chamadas "cláusulas de ação coletiva". Esse mecanismo impõe aos credores relutantes os termos do acordo se uma maioria expressiva aceitar.

Os investidores privados, que detêm € 206 bilhões em títulos gregos, precisavam aceitar uma perda de 53,5% (cerca de € 107 bilhões) no valor dos seus papéis.

A alternativa era perder tudo, levando a um calote desordenado, com risco de efeito dominó sobre outros países europeus em crise, como Portugal, Itália e Espanha.

Mas ainda há desafios que o país precisa enfrentar. A agência Fitch rebaixou a nota da Grécia ao patamar de "calote parcial".

Outra consequência do plano e do uso das cláusulas de ação coletiva foi o anúncio de que houve um "evento de crédito", feito pela Associação Internacional de Derivativos e Swaps.

Um "evento de crédito" ocorre quando, por conta de um calote, contratos de seguro contra o risco de quebra de um país são ativados. No caso da Grécia, haverá o pagamento de US$ 3,2 bilhões.

Com os resultados anunciados ontem, a Grécia está apta a receber da "troica" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) o novo empréstimo, de € 130 bilhões, fundamental para evitar a inadimplência -uma parte da dívida (€ 14,5 bilhões) vence em 20 de março.

Em comunicado, o presidente do conselho de ministros de Finanças da zona do euro, Jean Claude Juncker, autorizou a liberação de € 35,5 bilhões à Grécia e pediu ao país que siga comprometido com o ajuste fiscal.

Para o economista Roberto Luis Troster, o aperto fiscal que as autoridades exigem do país sinaliza uma sustentabilidade maior no futuro. "Com isso, desperta o ânimo de investir dos empresários. É razoável esperar uma retomada na Grécia", analisa.

RECESSÃO

Fernando Sampaio, sócio-diretor da LCA Consultores, é cético quanto às perspectivas do país.

"É forte a dúvida sobre as chances de sucesso de uma recessão infindável como meio para baratear a produção grega. É bem possível que o tempo revele que a Grécia não tem alternativa senão desvalorizar sua moeda -e a dificuldade é que, ao aderir ao euro, abdicou de ter moeda própria", afirma.

A economia grega entrou no quinto ano de recessão. No último trimestre de 2011, a queda do PIB foi de 7,5%.

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