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Taleban promete retaliação por ataque

Soldado americano matou 16 civis afegãos no final de semana; suspeito caminhou por vilarejos, invadindo casas

Assassino havia vindo de base americana de Lewis-McChord, em Washington, conhecida pela insubordinação

Steffen Kugler/Associated Press
Angela Merkel, chanceler alemã, visita a base de Mazar-e-Sharif (Afeganistão); ela telefonou para o presidente Karzai
Angela Merkel, chanceler alemã, visita a base de Mazar-e-Sharif (Afeganistão); ela telefonou para o presidente Karzai

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Taleban prometeu, ontem, vingar-se do "ataque desumano" em que um soldado americano supostamente matou 16 civis afegãos a tiros, no sul do Afeganistão, e incendiou alguns dos corpos.

O incidente, ocorrido entre sábado e domingo, intensificou ainda mais a rejeição às tropas estrangeiras no país. No mês passado, a queima de exemplares do Corão por soldados americanos provocou manifestações violentas.

As tropas dos EUA no Afeganistão estão em alerta para ataques retaliatórios. A embaixada americana avisou cidadãos no país sobre a possibilidade de eventual revide.

O site do Taleban chamava, ontem, os americanos de "doentes mentais" e "selvagens". A região de Panjwai, em que os assassinatos ocorreram, é berço do grupo.

SUSPEITO

Não foi divulgado o nome do suspeito, mas se sabe que ele fazia parte de uma brigada recém-enviada à região. Ontem, havia relatos de que ele teria sofrido trauma cerebral em um acidente de carro, em 2010, no Iraque.

O soldado havia vindo da base de Lewis-McChord, em Washington -conhecida como a pior base militar dos EUA, com graves problemas disciplinares, segundo a CNN.

Ele fazia parte de um projeto em que afegãos são ensinados por tropas a se defender.

De acordo com fontes ligadas ao governo americano e à Otan, o soldado deslocou-se a pé entre os vilarejos.

Segundo Hamid Karzai, presidente do Afeganistão, entre os 16 mortos estavam nove crianças e três mulheres.

O fato de o soldado ter incendiado corpos é agravante, pois a violação dos cadáveres é criticada pelo islã.

Algumas testemunhas dizem ter visto mais de um soldado. Outras expressam descrença de que apenas um assassino conseguisse matar 16 pessoas, caminhando entre vilas, e incendiar os corpos.

Os EUA, porém, afirmam que "não há indicação de que havia mais de um atirador". O Ministério de Defesa afegão, em relatórios iniciais, aponta a mesma conclusão.

As relações entre EUA e Afeganistão tiveram momento positivo, na sexta passada, com o acordo de transferência de prisioneiros ao governo afegão. Analistas apontam que, agora, a rejeição às tropas estrangeiras pode reverter os avanços nas negociações entre os dois países.

Em comunicado divulgado pela Casa Branca, Barack Obama, presidente dos EUA, afirmou que o ataque não representa "o caráter excepcional de nossos militares e o respeito que os EUA têm pelo povo do Afeganistão".

O soldado será julgado em tribunal americano e pode ser condenado à pena de morte.

Angela Merkel, chanceler da Alemanha, visitou ontem a base de Mazar-e-Sharif e ofereceu, por telefone, condolências ao presidente afegão.

A Otan afirma que o incidente de ontem não vai afetar os planos de retirada em 2014, dando o controle da segurança ao governo afegão.

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