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Desaceleração do PIB da China deve contaminar Brasil Segundo analistas, um crescimento menos vigoroso reduzirá o apetite do gigante asiático por commodities Minério de ferro é o principal produto da pauta de exportações brasileiras para a economia chinesa ÉRICA FRAGADE SÃO PAULO A desaceleração do crescimento chinês é um dos maiores riscos que confrontam a economia brasileira. Segundo analistas, o principal canal de contágio da menor expansão que se avizinha na China para o Brasil é uma redução da demanda por commodities. Em anos recentes, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil. O minério de ferro encabeça a lista dos produtos comprados pelo gigante asiático. O problema é que o plano do governo chinês de migrar para um modelo de expansão econômica menos vulnerável a uma desaceleração brusca envolve reduzir o investimento, que atingiu níveis considerados insustentáveis. Menos investimento em infraestrutura e construção civil significará menor apetite pelos produtos do Brasil. "Até o cenário mais otimista para a China indica uma queda brusca da expansão do investimento nos próximos três anos, e com isso virá uma queda também brusca da demanda por metais", diz Michael Pettis, professor da Universidade de Pequim e economista da entidade americana Fundação Carnegie para a Paz Internacional. Para ele, o Brasil sofrerá o impacto negativo dessa mudança: "A crescente dependência do Brasil de commodities não agrícolas será um problema grande para o país antes do meio desta década". Segundo estimativa do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), as commodities já representam 60% de todas as exportações brasileiras. O minério de ferro é o principal produto da pauta do país. Representou 16,3% do total das vendas externas em 2011, ante pouco mais de 6% em 2005. "O risco de desaceleração mais forte na China é grave para o Brasil", afirma o economista Júlio Gomes de Almeida, do Iedi. Ele acredita que a nova meta do governo chinês de crescer 7,5% ao ano (abaixo da média de 10% da última década) representa um resultado ainda bom para o Brasil. POUSO FORÇADO A dúvida é se a China conseguirá evitar uma desaceleração mais brusca. O especialista em China da consultoria Economist Intelligence Unit, Duncan Innes-Ker, aposta em uma redução controlada. Ele concorda que mesmo uma freada suave reduzirá a demanda pelos produtos brasileiros. Mas diz ser preferível que a China cresça menos em um ritmo sustentável a que persista no modelo atual, que pode levar a uma crise. Já Pettis acredita que o risco de um pouso forçado na China é significativo. "Grupos de interesse poderosos na China ainda se opõem com veemência a qualquer ajuste que os prejudique", diz Pettis. Para ele, esse é um dos fatores que dificultam uma transição bem-sucedida do modelo de crescimento baseado em investimento -que favorece determinados setores empresariais- para um mais focado em consumo. Outra questão em debate é a política do governo em relação à moeda do país, o yuan (que é atrelado ao dólar). Recentes resultados ruins da balança comercial chinesa levaram as autoridades a indicar que poderão interromper o lento processo de valorização do yuan, que ocorre há alguns anos. Analistas acreditam que o ritmo de apreciação deve, de fato, diminuir. Mas, segundo Innes-Ker, os produtos exportados pela China para países como o Brasil devem continuar encarecendo por causa do aumento dos custos de produção no país. Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros |
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