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Brasileira tem 'compaixão' por grupo que a sequestrou Estudante Sara Silvério, ligada a igreja, passou 7 horas em poder de beduínos Região egípcia do Sinai, onde ela e outra missionária foram capturadas, tem sido palco de ações do tipo MARCELO NINIOENVIADO ESPECIAL A TABA (EGITO) Depois de ficar mais de sete horas em poder de beduínos armados no Egito, a estudante Sara Lima Silvério, 18, não sente raiva nem ressentimento pelos sequestradores, mas compaixão. "Eu não os julgo, mas entendo seus motivos. Eles não me maltrataram, só causaram preocupação à minha família. O que sinto é compaixão", disse Sara à Folha ontem, em um hotel de Taba, na península do Sinai. Menos de 24 horas antes, ela e a missionária Zélia Magalhães de Mello, 45, haviam sido levadas por um bando de beduínos depois que o ônibus de turismo em que estavam foi parado a tiros a caminho do monte Sinai. Com uma fita trançada na testa e sorriso permanente, Sara conta que o pior foi o momento do sequestro, quando os homens encapuzados e armados de metralhadoras entraram gritando no ônibus. "Um deles foi até o fim do ônibus e quando voltou apontou para mim e para a Zélia e nos levaram. Não sei porque nos escolheram", diz Sara. O ônibus levava 45 brasileiros, a maioria membro da Igreja Evangélica Avivamento da Fé, de Osasco (SP), onde o pai de Sara, Dejair Silvério, é pastor (leia ao lado). Além de Sara e Zélia, foram levados o guia Mostafa Abu Shalab e um policial que acompanhava o grupo, ambos egípcios. Mostafa conta que serviu como tradutor entre as brasileiras e os beduínos, não só do idioma, mas também da cultura local. "Em um momento de nervosismo, a Sara começou a dar muitas risadas e eu falei para ela parar. Aquilo poderia ser mal entendido", disse. Segundo Mostafa, dois dos sequestradores são réus condenados a mais de 50 anos de cadeia, por crimes que ele desconhece. A ação teve como objetivo negociar uma anistia, mas o guia diz que ela não foi concedida. Fábio Lima, operador da agência US Travel, de São Paulo, que organizou a excursão dos peregrinos, disse que já está na quinta viagem ao Egito e jamais ouviu nenhuma advertência de que era perigoso visitar o Sinai. Nos últimos meses, vários estrangeiros foram sequestrados no Sinai, o que motivou países como Reino Unido e Canadá a desaconselhar viagens à península. Sara diz que ficou impressionada com a hospitalidade e a gentileza dos beduínos, que serviram chá, pão e batata frita, além de fornecerem cobertores para enfrentar o frio do deserto. "Nos levaram para um vale onde não tinha nada, só as montanhas. algumas grutas e as estrelas", relembra a jovem. "Nos deram três cobertores, nos cobriram, e falaram para ficarmos à vontade. Nós deitamos e fingimos que dormíamos." Depois de mais de seis horas de impasse, uma movimentação entre os beduínos foi o sinal de que a libertação estava próxima. Foi quando chegou um beduíno alto e forte, que Sara jamais esquecerá. "Ele era grande e tinha uma voz forte, inconfundível. Achei que era mau, mas foi ele que nos levou. Era um gigante bonzinho", diz Sara. "Depois me disse que se chamava Megan e que tinha 25 anos. Prometi orar para ele o resto da vida." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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