ONU lança apelo regional por crise na Síria

A agência da ONU para os refugiados (Acnur) anuncia hoje um apelo regional para levantar recursos para a crise síria. Ao mesmo tempo, recomenda que os países vizinhos da Síria não forcem os refugiados a voltar ao país.

São os primeiros sinais concretos de que a ONU espera o prolongamento do conflito, que já se estende por mais de um ano na Síria e matou mais de 8.000 pessoas.

"Toda vez que há uma onda de insegurança na Síria, sírios fogem pelas fronteiras. Agora estamos nos preparando, esperamos mais chegadas de refugiados sírios", disse à Folha Panos Moumtzis, recém nomeado coordenador do Acnur para a crise síria.

Com a escalada da violência na Síria, cerca de 34 mil sírios escaparam para os países vizinhos -Líbano, Jordânia e Turquia- e estão registrados como refugiados.

Estima-se, porém, que o número real seja muito maior. "Nem todos se registram, alguns dizem que por medo, outros porque não precisam de assistência", disse Panos.

"Nesta sexta-feira [hoje], será lançado em Genebra um apelo para apoiar nossas operações humanitárias. Inicialmente, pediremos US$ 25 milhões para cobrir um período de seis meses", afirmou.

Há centros de trânsito na fronteira da Jordânia, onde os refugiados recebem abrigo, alimentos e atendimento médico. Desde a semana passada, Panos viaja pela região.

"Só ontem à noite, 1.048 sírios cruzaram a fronteira com a Jordânia, a maioria era de famílias contrabandeados por áreas rurais", afirmou.

Segundo ele, muitas pessoas têm chegado feridas à fronteira, principalmente no Líbano, onde há cerca de 13 mil refugiados sírios. Na Turquia, o governo montou oito campos de refugiados para mais de 15 mil pessoas.

Os campos têm acesso restrito e são protegidos por militares turcos. Muitos estão superlotados, com tendas improvisadas abrigando cada uma até 20 pessoas.