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Contra reforma, Espanha faz greve geral

Jornada tem cerca de 100 protestos contra nova lei trabalhista ao redor do país; ao menos 172 pessoas são detidas

Adesão, de acordo com sindicatos, chega a 77%; instabilidade faz risco-país subir e bolsa fechar em baixa

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI

Contra uma reforma trabalhista que barateia demissões e flexibiliza contratos de trabalho, os espanhóis fizeram ontem greve geral que parou transportes, hospitais, universidades e coleta de lixo. E fez subir novamente o risco-país da Espanha, para 360 pontos.

O Ibex, principal índice da Bolsa espanhola, fechou em baixa de 0,88%.

A paralisação generalizada foi a primeira da gestão do conservador Mariano Rajoy, que amanhã completa cem dias de governo em meio a críticas de ainda não ter conseguido estabilizar o país.

Em Barcelona, houve confronto entre policiais e manifestantes, que atearam fogo em contêineres e atiraram pedras contra a Bolsa de Valores. A polícia usou balas de borracha e gás lacrimogêneo para sufocar os protestos.

Em todo o país, 116 pessoas ficaram feridas e 172 foram detidas, 32 delas na capital catalã. Houve cerca de cem manifestações nas principais cidades espanholas.

Segundo os dois principais sindicatos do país, UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CCOO (Comissões Obreiras, na sigla em espanhol), a adesão à greve foi de 77% dos setores público e privado. Na indústria de minério, a paralisação chegou a 100%.

Fábricas como as da Nissan, da Seat e da Valeo não funcionaram por falta de pessoal. A maioria das universidades públicas, 70%, cancelou aulas. Entre as privadas, a adesão foi de 45%.

O governo minimizou o alcance do movimento e colocou em 17% a participação do setor público, não divulgando dados sobre as empresas.

Mas, de acordo com o próprio governo, o consumo de energia -apontado como o principal indicador da greve- registrou uma queda de 16,3% ontem.

"Os efeitos dessa greve foram bem mais moderados que a do governo anterior", declarou a diretora de Política Interior, Cristina Díaz.

Os sindicatos calcularam em 10,4 milhões o número de pessoas que aderiram à greve, de um total de 17 milhões convocados, quase o dobro de desempregados no país, estimados em 5 milhões.

Os sindicatos se queixam de que não houve diálogo para o texto da reforma.

"Esse governo não deveria se comportar como uma gestão tecnocrata. É um governo eleito democraticamente no ano passado", afirmou Candido Mendes, diretor-geral do CCOO.

O governo sustenta que o texto da reforma teve apoio majoritário no Congresso, onde 197 dos 350 deputados a aprovaram.

Afirma que o projeto, além de dinamizar a economia e garantir mais empregos, atende a exigências da União Europeia.

Ontem, a ministra de Emprego, Fátima Bañéz, disse que a reforma é "imparável".

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