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Espanha ameaça romper relação com a Argentina

Medida será tomada diante de 'qualquer agressão' contra petroleira Repsol

Casa Rosada mantém silêncio sobre possível expropriação de ações da YPF, acusada pelo governo de fazer cartel

DE SÃO PAULO

A Espanha ameaçou ontem romper as "relações fraternais" com a Argentina diante da possível expropriação de ações da espanhola Repsol na YPF, principal petroleira em atuação no país vizinho.

A União Europeia (UE) juntou-se a Madri na pressão ao governo Cristina e alertou que a Argentina pode se tornar um "pária internacional".

"Qualquer agressão contra a Repsol, violando os princípios da segurança jurídica, será considerada como uma agressão contra o governo espanhol, que tomará as medidas que considerar oportunas", disse o chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, após reunião de 45 minutos com o embaixador argentino em Madri, Carlo Antonio Bettini, convocado para dar explicações.

Segundo García-Margallo, "o pior dos cenários seria uma ruptura não só em termos econômicos, mas também das relações fraternais mantidas há décadas".

Além da UE, que se disse "ao lado da Espanha", Madri procurou também o apoio dos EUA e do México.

O endurecimento do discurso espanhol contrasta com o atual silêncio do governo de Cristina Kirchner sobre a questão. Às vésperas da Cúpula das Américas, na Colômbia, a presidente evitou tocar no assunto em discurso anteontem.

Segundo o governador da província (Estado) de Jujuy, Eduardo Fellner, ela não falou sobre qualquer intenção de estatizar parte da YPF em reunião que manteve anteontem com os governadores das províncias petroleiras.

"Não há nenhum projeto de lei, tudo é versão dos jornais", disse ele.

Segundo o diário "Clarín", o governo enviou ao Congresso um projeto de lei para expropriar 50,01% das ações classe D da YPF. A espanhola Repsol possui 57,43% das ações desse tipo.

AUTOABASTECIMENTO

O único a se manifestar ontem do lado argentino foi o ministro da Economia, Hernán Lorenzino. "O objetivo do governo é garantir o autoabastecimento de petróleo. Analisamos cada uma das concessões e o cumprimento dos contratos. Quando isso ocorre, retiramos a concessão", disse, em comunicado.

A Argentina acusa a YPF de formação de cartel e de não ter investido o suficiente para enfrentar uma possível carência energética.

Pessoas próximas à Presidência revelaram à Efe que Kirchner pode fazer um anúncio sobre o futuro da YPF após a cúpula. Madri enviará uma carta ao governo da Colômbia, anfitrião do encontro, para que o tema seja discutido em Cartagena das Índias, onde estarão reunidos neste fim de semana chefes de Estado de toda a América.

Fontes diplomáticas espanholas consultadas pela Folha afirmaram que a ação da Argentina sobre a YPF "entra no terreno da insegurança jurídica". "Não é uma medida para regular um setor, mas contra parte de uma empresa. Neste caso, é discriminatória", disse um diplomata.

Para ele, uma expropriação "atacaria diretamente o coração da relação de confiança" entre os países. "Nenhuma das empresas espanholas deixou a Argentina durante a crise [no país, entre 1999 e 2002]", disse.

Com agências de notícias; colaborou MARÍA MARTÍN

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