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Atirador da Noruega alega ter matado 77 como "autodefesa" Advogados de Breivik querem provar a sua sanidade na época do massacre; relatórios têm avaliações divergentes Extremista não esboçou emoção perante o júri e questionou o tribunal; julgamento poderá durar até dez semanas
No primeiro dia de seu julgamento, o extremista Anders Behring Breivik, que matou 77 pessoas em julho passado na Noruega, disse ter cometido os crimes como forma de "autodefesa". "Reconheço [ter cometido] os atos, mas não sou culpado", disse Breivik, 33, no tribunal, em Oslo. Ele foi acusado em março de terrorismo e homicídio doloso. O julgamento, que pode durar até dez semanas, vai girar em torno do estado de saúde mental do réu -o que determinará seu envio à prisão ou a um tratamento psiquiátrico. A defesa de Breivik, no entanto, deve contrariar a opção mais comum nesses casos e tentar provar a sanidade do extremista, convocando outros radicais para depor e mostrar que compartilham de sua visão. Segundo seu advogado, Geir Lippestad, é importante que ele não seja considerado louco, pois "teve razões" para cometer os crimes. Breivik diz que cometeu a chacina para evitar que seu país fosse tomado por muçulmanos. Logo após explodir um carro-bomba próximo a prédios governamentais no centro de Oslo, matando oito pessoas, ele assassinou a tiros 69 pessoas em um acampamento juvenil do Partido Trabalhista, numa ilha a 40 quilômetros do centro da capital. Psiquiatras elaboraram dois relatórios sobre a saúde mental de Breivik. O primeiro, divulgado em novembro, constatava que ele estava "paranoico" e "esquizofrênico" na época do massacre. O mais recente, divulgado neste mês, comprova sua sanidade. IMPASSÍVEL Vestido com um terno escuro, Breivik não manifestou nenhum tipo de emoção durante a leitura das acusações contra ele. Os promotores reproduziram no tribunal a gravação de um telefonema em que uma garota apavorada pede ajuda durante o massacre. No áudio, podem ser ouvidos tiros. Também mostraram o vídeo de uma câmera do centro de Oslo que registrou a explosão do carro-bomba. Quando chegou ao tribunal e teve as algemas retiradas, no entanto, ele sorriu. Fez uma saudação de punho cerrado e cumprimentou os funcionários do tribunal, do qual questionou a legitimidade. "Não reconheço tribunais noruegueses porque seu mandato vem de partidos que apoiam o multiculturalismo." Um dos temores é que Breivik aproveite os holofotes do julgamento -que reúne mais de 800 jornalistas- para disseminar a sua ideologia ultradireitista. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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