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Excesso de indecisos embaça pleito francês

Único dado de que se tem certeza é a passagem de François Hollande e Nicolas Sarkozy para o turno decisivo

Das cinco pesquisas feitas entre quarta e quinta, Hollande ganha em quatro; mas todas elas na margem de erro

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

A França chega à antevéspera do primeiro turno da eleição presidencial de domingo com um número de indecisos elevado demais (perto de 30% nas diferentes pesquisas) para que se possa cravar com certeza quem ficará na frente entre o candidato socialista François Hollande e o presidente-candidato Nicolas Sarkozy.

O único dado que parece irreversível é a passagem dos dois para o turno decisivo, a realizar-se dia 6/5, no qual as pesquisas dão boa vantagem ao socialista.

O vespertino "Le Monde" puxa essa incerteza para o texto que fornece a manchete de sua capa de ontem (com data de sábado):

"Raramente, a ordem de chegada foi tão incerta. Quem, François Hollande ou Nicolas Sarkozy, chegará na frente? É difícil dizer, embora as mais recentes tendências pareçam dar vantagem ao primeiro".

De fato, nas cinco pesquisas feitas entre quarta-feira e quinta-feira, último dia em que elas podem ser divulgadas, Hollande ganha em quatro, mas em todas elas dentro da margem de erro, e empata na quinta.

Já um sexto levantamento, iniciado na terça-feira, é o único a apontar o triunfo de Sarkozy, também na margem de erro (28% x 26%).

A vantagem de Hollande oscila entre 1 e 3,5 pontos percentuais. Na única das pesquisas recentes em que conseguiu descolar-se do presidente, o socialista ganhava por 29% a 24%, conforme o instituto CSA.

Mas o levantamento seguinte desse instituto reduziu essa vantagem para três pontos percentuais.

VALOR RELATIVO

A ordem de chegada no primeiro turno é considerada por boa parte dos pesquisadores como relevante para o resultado do segundo turno.

Até aqui, Hollande ganha em todos os levantamentos, desde o início da campanha até as pesquisas fechadas na quinta-feira. Sua vantagem oscila entre 7 e 14 pontos percentuais.

Mas há uma corrente de pesquisadores que diz que pesquisas feitas antes de que se saiba quais serão de fato os candidatos do segundo turno têm valor relativo.

Se, por exemplo, Sarkozy ficar na frente no domingo, ele poderá ganhar impulso para fechar a brecha com o rival Hollande.

MUTANTES

Para complicar ainda mais o cenário, o "Monde" fez, com auxílio de instituto de pesquisas e centros de estudo, o seguimento de um grupo de eleitores considerado representativo do conjunto de votantes.

Ouviu-os de novembro até o fim de março e constatou que "metade das pessoas consultadas mudaram, em um momento ou outro, seja sua intenção de voto, seja sua decisão de votar [ou abster-se]", afirma Gilles Finchelstein, diretor-geral da Fundação Jean Jaurès, ligada ao Partido Socialista.

Pior para os socialistas, sempre segundo Finchelstein: "François Hollande é aquele para o qual o saldo das intenções de voto mascara mais a amplitude dos movimentos em torno de sua candidatura".

Traduzindo: François Hollande não conseguiu empolgar o suficiente para cristalizar a intenção de voto em torno dele.

Esses eleitores "mutantes" podem ser explicados facilmente a partir de uma frase mortal de Christine Ockrent, ícone do telejornalismo francês, para quem a eleição se dá entre "um candidato que não agrada [Sarkozy] e outro que não convence [Hollande]".

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