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Espanha aposta no jogo contra a crise

Madri e Barcelona estão competindo pela construção de um complexo de cassinos bancado por um americano

O multimilionário Sheldon Adelson exige mudanças na legislação trabalhista espanhola para poder investir

MARÍA MARTÍN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Madri e Barcelona disputam uma batalha que, desta vez, pouco tem a ver com o futebol. O vencedor terá o maior projeto de investimento privado da história da Espanha, um complexo de seis cassinos, 36 mil quartos de hotel, arranha-céus, dezenas de restaurantes, nove teatros e até três campos de golfe. Um prêmio que ocupará a superfície de mil campos de futebol, trará € 26,6 bilhões (R$ 63,7 bilhões) em investimentos e, o mais importante, considerando um índice de desemprego acima dos 23%, gerará 260 mil empregos.

Contudo, as regras do jogo são impostas desde os EUA. O multimilionário Sheldon Adelson -o 14º homem mais rico do mundo, segundo a revista "Forbes"- é o magnata que quer a Espanha como parte da Las Vegas Sands Corporation, um império que já conquistou Las Vegas, Macau (China) e Cingapura.

Mas o influente Adelson exige das autoridades espanholas não apenas que lhe deem de presente os terrenos, como também várias mudanças na legislação que foram arrancadas dos regimes autoritários de Macau e Cingapura -mas estão suscitando indignação na Espanha.

Pouco amigo dos sindicatos, o multimilionário pretende uma modificação no Estatuto dos Trabalhadores, de modo a relaxar "a rigidez dos acordos coletivos". Também quer que seja modificada a Leis dos Estrangeiros, para acelerar as autorizações de trabalho dos empregados que trará de fora.

Adelson, de 78 anos, quer ainda que os menores e os jogadores inveterados reconhecidos possam apostar em seus cassinos e que a lei que proíbe o fumo em lugares fechados não tenha validade em seus domínios. O Executivo, em mãos do conservador Partido Popular, que também governa em Madri, já declarou que as normas fiscais, financeiras e trabalhistas são "revisáveis no futuro", se isso vier a facilitar os investimentos estrangeiros.

As condições e a ressurreição de um modelo de negócio baseado na construção e no turismo, que quebrou a economia espanhola, divide a opinião pública.

Os detratores se opõem à violação dos direitos trabalhistas e à criação de um paraíso fiscal e rejeitam um projeto que poderá atrair as máfias e a prostituição.

Além disso, põem em dúvida a embalagem na qual o presente é apresentado: "Fala-se em cifras de geração de emprego inviáveis -praticamente a mesma quantidade de postos de trabalho que existe em Las Vegas em todo o setor de serviços. Instrumentaliza-se o drama do desemprego para chantagear os cidadãos", diz Rodrigo Fernández Miranda, porta-voz do grupo Eurovegas Não.

Os defensores enxergam uma oportunidade que não se deve deixar escapar. "O menos importante são os cassinos. O mais importante é converter Barcelona e a Catalunha no primeiro destino turístico da Europa", diz o presidente da Generalitat da Catalunha, Artur Mas, convencido de que, com Adelson, virá o turismo de excelência.

Tradução de CLARA ALLAIN

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