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Ativista cego chinês foge de casa-prisão

Chen Guangcheng estava havia 19 meses proibido de sair de sua residência e denunciou, por vídeo, espancamento

Familiares sofrem represália; amigo diz que advogado está refugiado na Embaixada dos EUA

France Presse - reprodução You Tube
O ativista Chen, em vídeo após sua fuga, onde cobra Pequim
O ativista Chen, em vídeo após sua fuga, onde cobra Pequim

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

O advogado e ativista de direitos humanos cego Chen Guangcheng, 40, um dos mais reputados da China, escapou de sua prisão domiciliar, onde era mantido sob vigilância por 19 meses sem ordem judicial.

"Ele está numa localização 100% segura em Pequim", disse ontem à tarde Bob Fu, presidente da ChinaAid, ONG cristã de direitos humanos, com sede nos EUA. Aos britânicos "The Guardian" e BBC o também ativista Hu Jia disse que ele está na Embaixada dos EUA em Pequim. A mulher de Hu divulgou uma foto dos dois amigos juntos.

A confirmação da fuga veio do próprio Chen. Num vídeo, o ativista pede ao premiê chinês, Wen Jiabao, que garanta a segurança de sua família -parentes foram presos após a fuga ter sido descoberta.

"Posso estar livre, mas as minhas preocupações são com a minha família. Talvez, por causa da minha partida, eles possam ser vítimas de maus-tratos brutais."

No vídeo, Chen relatou que ele e sua mulher foram espancados durante a prisão domiciliar e exortou Wen a investigar a situação. "É justo que funcionários de governos locais violem descaradamente a lei ou eles têm apoio do governo? Espero que você dê ao público uma resposta clara no futuro próximo."

A fuga do ativista ocorreu no domingo e contou com a ajuda de amigos e ativistas.

Uma delas, He Peirong, foi detida em sua casa ontem. Antes, He contou à TV CNN que a fuga foi planejada por Chen por meses. "Ele ficava deitado na cama por longos períodos para que os guardas não suspeitassem caso não o vissem por muito tempo."

A ativista afirmou que Chen decidiu revelar a fuga após saber que a sua família havia sofrido represálias.

Autodidata, Chen se notabilizou por defender mulheres forçadas a abortar por causa do controle de natalidade chinês. Em 2006, foi condenado a quatro anos de prisão por "danificar propriedade e organizar uma turba".

Ele foi solto da prisão em 2010, mas passou a ser impedido de deixar a sua casa, na pequena cidade de Dongshigu, 800 km a sul de Pequim.

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