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Murdoch deve sobreviver a inquérito Magnata depõe por dois dias em Londres e nega tráfico de influência; documentos provocam nova baixa política Analista afirma que a investigação terá efeito inócuo para empresário e só tornará mais obscuro elo com poder
DE LONDRES Durante a última semana, Rupert Murdoch, 81, dono de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, esteve novamente no centro dos holofotes ao ser obrigado a prestar depoimento no inquérito Leveson, criado no Reino Unido após os escândalos em jornais de seu grupo para investigar o comportamento e a ética da mídia local. Para Richard Lutz, especialista em mídia da Universidade de Birmingham, contudo, o magnata não tem razões para se preocupar. À Folha Lutz diz que "não apenas Murdoch, mas toda a imprensa britânica se relaciona de forma próxima com políticos, de direita e de esquerda. Isso é importante para todos os donos de jornais no país". Desse modo, o especialista acredita que o único resultado concreto que o inquérito Leveson trará é tornar mais secretas essas relações entre os governantes e a mídia. Murdoch, presidente da News Corporation, teve de depor por dois dias e declarou que o escândalo dos grampos no tabloide dominical "News of the World" foi ocultado da direção da empresa. O magnata também negou que tenha usado seu poder para obter favores de primeiros-ministros britânicos. O comentarista de mídia Roy Greenslade, que trabalhou em jornais da News International em posições de chefia, declarou em seu blog no "Guardian" que "o mais extraordinário sobre esse caso é que Murdoch aparentemente estivesse tão por fora", o que não combina com sua personalidade. O depoimento de James Murdoch, filho de Rupert, no início da semana provocou nova baixa no governo britânico. Até o começo de abril, James era o presidente da BSkyB, a principal operadora de TV a cabo no Reino Unido, da qual o grupo de Murdoch já detém 39% das ações. Durante seu depoimento, foram divulgados documentos que comprovam que o conglomerado de Murdoch teve acesso privilegiado a informações no processo de aquisição dos outros 61% da companhia de TV. O grupo desistiu da oferta após o escândalo dos grampos ganhar força em 2011. Um conselheiro especial do ministro da Cultura, Jeremy Hunt, pediu demissão, mas a oposição quer que o ministro, responsável pela Olimpíada, também saia. Os problemas de Murdoch começaram em 2005, quando reportagem do "News of the World" -o mais vendido do país à época- sobre problemas no joelho do príncipe William levou a realeza a pedir abertura de investigação. A iniciativa se desdobraria para revelar um intricado esquema de escutas ilegais que levaria Murdoch a fechar o jornal, nas ruas desde 1843. Em 2012, o escândalo atingiu outro tabloide do magnata, "The Sun". Ao menos dez profissionais do jornal já foram detidos acusados de subornar funcionários públicos em troca de informações. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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