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Análise Argentina e Bolívia estatizam para ocultar os seus graves problemas GUSTAVO SEGRÉESPECIAL PARA A FOLHA Na década de 90, grande parte das empresas foi privatizada tanto na Argentina quanto na Bolívia. Hoje, elas estão voltando ao controle do Estado. A Bolívia estatizou (ficou com a propriedade) os 99,9% que a REE possuía na TDE - Transportadora de Energia. A Argentina expropriou (comprou arbitrariamente) 51% dos quase 57% que a Repsol possuía da YPF. Mesmo que ambas as ações possam concluir no controle do governo sobre as empresas, e ainda que o motivo divulgado possa ser o mesmo (falta de investimento pelas controladoras), a realidade nos fala outra coisa. As economias da Argentina e da Bolívia estão em crise. No caso argentino, é preciso apelar ao nacionalismo para ocultar problemas econômicos (as contas públicas não fecham) e políticos (o vice-presidente é acusado de tráfico de influência). No caso da Bolívia, um apelo nacionalista quer ocultar o impacto de uma greve de 30 dias do setor da saúde. A Argentina determinou, arbitrariamente, que o valor a ser pago pela empresa será fixado pelo mesmo governo que não respeitou os contratos internacionais. A Bolívia foi mais coerente: o valor será determinado por uma empresa privada imparcial. Ficam três perguntas que deixam um ar de incógnita no futuro econômico dos dois países: 1 - Se as empresas voltaram ao controle de cada governo por falta de investimento, e os dois países têm dificuldades para obter financiamento externo, de onde sairão os recursos para os investimentos? 2 - Que tipo de capital estrangeiro se aventuraria a investir em países que mudam as regras do jogo? 3 - Considerando que as empresas foram privatizadas pela ineficiência do Estado na administração das mesmas, que técnico desses governos terá a capacidade de administrar esta nova etapa? Uma conclusão é indiscutível: tanto Argentina quanto Bolívia ficarão cada dia mais longe de um mundo que cobra regras claras, políticas de Estado e que não prioriza populismo perante "segurança jurídica". Coisa que, para o vice-ministro argentino Axel Kicillof, é uma palavra horrorosa. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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