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Espanha estatiza 3º maior banco do país

Anúncio fez a desconfiança dos mercados contra o país aumentar; juros dos títulos ultrapassaram a casa dos 6%

Governo promete novas medidas para amanhã; outras instituições financeiras podem precisar de resgate

Efe
Jose Ignacio Goirigolzarri (à esquerda), novo presidente do Bankia, ao lado do seu antecessor, Rodrigo Rato
Jose Ignacio Goirigolzarri (à esquerda), novo presidente do Bankia, ao lado do seu antecessor, Rodrigo Rato

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

O governo espanhol anunciou a estatização parcial do terceiro maior banco do país, o Bankia, e prometeu divulgar amanhã novas medidas para o setor financeiro.

O Estado agora será o maior acionista do banco, com 45% do capital, e na prática o controlará.

O anúncio fez a desconfiança dos mercados contra o país aumentar.

A Bolsa local fechou o dia em baixa e os juros dos títulos da dívida pública do país com vencimento em dez anos ultrapassaram a perigosa casa dos 6%, considerada por analistas como o limite para que a Espanha não tenha que recorrer a um empréstimo da União Europeia.

De acordo com o jornal "El Pais", a estatização envolve a conversão de um empréstimo de € 4,5 bilhões em ações. O Bankia tem mais de 10 milhões de clientes no país e € 306 bilhões em ativos.

As reformas no setor bancário devem fazer com que as instituições financeiras sejam obrigadas a contar com reservas maiores, de € 35 bilhões, nas linhas de crédito imobiliário -uma das áreas mais críticas dos bancos do país.

Com as mudanças, espera-se que o sistema bancário fique mais seguro.

Além disso, o governo espera que os bancos passem a emprestar mais recursos para outros setores e que os preços de imóveis caiam para níveis mais acessíveis, o que movimentaria o setor.

Como as instituições não dispõem desse dinheiro, é muito provável que o governo seja obrigado a usar verba pública para auxiliá-las.

RATING

A perspectiva de injeção de recursos nos bancos do país foi um dos motivos para que a agência de classificação de riscos Standard & Poor's rebaixasse a nota da Espanha.

Com essas medidas, a agência vê riscos consideráveis de que a dívida pública espanhola, já elevada, fique ainda maior. O país se comprometeu com a União Europeia a reduzir seu deficit orçamentário e sua dívida pública. Além disso, em abril, o governo havia garantido que não usaria dinheiro público para sanear bancos.

A Espanha recentemente confirmou que está em recessão econômica (dois trimestres seguidos de contração do PIB) e tem o maior índice de desemprego da zona do euro, acima dos 24% da população economicamente ativa.

Em fevereiro, o governo havia anunciado um plano para que as instituições financeiras aumentassem suas provisões em € 54 bilhões. Com o Bankia, são sete os bancos que sofreram resgate estatal na Espanha e quatro os que estão sob controle do Estado. Estima-se que as instituições financeiras tenham € 180 bilhões de créditos duvidosos no setor.

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