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Ativista cego chinês chega aos EUA após tensas negociações

Em Nova York, Chen Guangcheng agradeceu ao governo americano pela ajuda e à China por proteger seus direitos

Caso quase ameaça relação entre as duas potências mundiais; dissidente havia fugido de prisão domiciliar

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Depois de ameaçar as relações entre as duas maiores potências mundiais, o ativista cego chinês Chen Guangcheng, 40, chegou ontem à noite aos EUA, acompanhado da mulher e dos dois filhos, para estudar direito.

Assim que veio do aeroporto e chegou ao prédio da NYU (Universidade de Nova York) onde deve ficar alojado, Chen pôs-se a falar. Falava tanto que o professor Jerome Cohen, da NYU, a seu lado, o cutucava para que fizesse pausas no discurso. A tradutora anotava freneticamente.

"O governo americano me deu enorme assistência. Quero agradecer à embaixada americana em Pequim e também ao governo chinês pela promessa de proteger meus direitos como cidadão."

Chen também agradeceu pelo apoio via internet e pela ajuda de outros governos, como França e Canadá. Disse esperar que a China continue se abrindo e "ganhando o respeito e a confiança do povo".

O ativista deixou ontem de manhã o hospital onde ficou por 17 dias, para cuidar de um pé quebrado em sua fuga, e embarcou em Pequim num voo da United Airlines. A viagem ocorreu antes do previsto por Chen, que dias atrás disse que os passaportes só sairiam em duas semanas.

Advogado autodidata, ele defendia mulheres vítimas de abortos forçados devido à "política do filho único". Em abril, Chen escapou de forma espetacular de 19 meses de prisão domiciliar e se refugiou na Embaixada dos EUA.

Ficou sob proteção diplomática por seis dias. Ao final de tensa negociação, o governo chinês permitiu que viajasse com visto de estudante.

No fim da entrevista improvisada, Chen ouviu gritos de uma chinesa que pedia para abraçá-lo e entregar flores. Ela disse que fora torturada na China. Ao tentar se aproximar, foi contida pela segurança, que carregou Chen para dentro do prédio da NYU.

A ativista chinesa Jacqueline Foo, 39, nos EUA há 18 anos, também não conseguiu entregar flores. Segundo ela, "muitos estão abandonando o Partido Comunista chinês. Para isso, têm de fugir e inventar nomes falsos".

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