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Argentina restringe a compra de dólares

Medida atinge turistas e operadoras; objetivo do governo Cristina Kirchner é conter a fuga de capitais do país

Restrição está fazendo disparar a cotação da moeda americana no mercado paralelo, onde é vendida a 6 pesos

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

Os argentinos que quiserem comprar dólares por meio de operadoras para sair do país terão de informar para onde vão, quando voltam e como obtiveram os fundos para adquirir a moeda.

A medida, que entrou em vigor ontem, é mais uma ação do governo Cristina Kirchner para tentar conter a fuga de capitais. Desde o início de sua nova gestão, em dezembro, a presidente tem aumentado o controle da compra da moeda americana, exigindo informações e comprovações de renda.

A Argentina é um dos países em que o dólar mais circula fora dos Estados Unidos. São cerca de US$ 1.300 per capita, segundo dados do Departamento do Tesouro norte-americano.

Para garantir o cumprimento da nova norma, a Afip (a receita federal argentina) colocou cães farejadores de tinta de dólar atuando na fronteira terrestre com o Uruguai e nos aeroportos.

A restrição às compras de dólar oficial está fazendo disparar a cotação da moeda no paralelo -o dólar está sendo vendido a 6 pesos nas "cuevas" (casas de câmbio clandestinas) e pelos "arbolitos" (vendedores de rua).

"É um problema ter dois dólares. Já aconteceu nos anos 1980 e não teve bom resultado. Cria-se um mercado artificial que pode fugir do controle e fazer aumentar a inflação", disse à Folha o economista Nicolás Dujovne.

Desde o começo do ano, o peso já se desvalorizou em 4,2% no câmbio oficial e mais de 18,8% no paralelo.

Para Dujovne, a solução para a questão cambial está na adoção de câmbios múltiplos. "É preciso admitir que o dólar a 4,40 é só para o comércio exterior e que o mercado interno opera a quase 6 pesos. Sair da ilegalidade é o passo mais responsável."

As últimas semanas foram de grande agitação em Buenos Aires. A Afip acirrou o controle da venda do dólar paralelo no centro, mas não conseguiu impedir a atuação dos "arbolitos".

IMÓVEIS

Acostumado a operar apenas com dólares, o mercado imobiliário foi o primeiro a sentir. Foi registrada uma queda de 25% das vendas de imóveis no último mês.

Muitos proprietários estão tirando os imóveis do mercado para esperar um momento melhor para a venda.

Em protesto contra o "corralito verde" imposto pelo governo, um grupo de manifestantes do intitulado Partido Liberal Libertário instalou-se na esquina das ruas Lavalle e Florida (centro), anunciando a venda do dólar a 5 pesos.

"O que está acontecendo é ilegal e imoral. Há 20 anos era ilegal divorciar-se e no século 19 era legal a escravidão. É preciso revoltar-se contra as leis", disse Gonzalo Blousson, presidente do grupo.

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