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Conflito eleva inflação e provoca desabastecimento

CAROLINA MONTENEGRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os efeitos do conflito na Síria já são sentidos na economia. Desde o início do mês passado, faltam gás, diesel e pão no país. Os preços dispararam, e a cotação da moeda local despencou.

"Os preços da maioria dos itens, especialmente alimentos e combustível, saltaram 50%, e a libra síria sofreu desvalorização de 50% diante das principais moedas internacionais", disse à Folha Laure Chadraoui, porta-voz na Síria do WFP (agência de alimentos da ONU).

Dados da ONU já indicam inflação de 18% em 2012, contra 5% no ano passado. Desde junho de 2011, os preços ao consumidor subiram 24%.

"Estamos passando por uma crise, está muito difícil e muito caro conseguir um botijão de gás de cozinha", afirmou à Folha Roy, uma professora síria de 24 anos moradora do centro de Damasco, que prefere não ter seu sobrenome divulgado.

"Quando há bombardeios e tiroteios pesados ou prisões nos subúrbios de Damasco, os mercados fecham, e é difícil encontrar alimentos por horas ou dias", acrescentou.

A escassez é maior nas principais áreas de combate: Hama, Homs, Deraa e Idlib.

Em entrevista à TV síria no dia 12 de maio, o ministro do Petróleo, Sufyan Allaw, disse que a falta de gás deve-se às sanções de União Europeia e EUA, que restringiram comércio de empresas com o país.

Ativistas colocam a culpa no ditador Bashar Assad, que estaria desviando propositalmente diesel e gás das regiões que são bastiões da oposição. Tanto para enfraquecer os rebeldes quanto para reforçar a reserva de combustíveis dos tanques e veículos blindados do Exército.

Segundo a Reuters, geralmente nove carregamentos de gás e petróleo chegavam aos portos sírios todo mês, vindos de Rússia, Irã e Venezuela. Nas últimas quatro semanas, porém, nenhum navio aportou na Síria.

O último desembarque de petróleo refinado, enviado pela Rússia, aconteceu no dia 11 de abril, e o último de gás liquefeito (usado em cozinhas e no aquecimento de casas) ocorreu em março.

A falta de petróleo e gás prejudica sobretudo a agricultura. No norte (principal área de produção de grãos), fazendeiros não conseguem abastecer seus tratores.

"Perdemos nosso meio de sustento. Não podemos plantar ou colher, porque não há combustível", afirmou Melhem, agricultor de Hasakeh. Segundo ele, os apagões são cada vez mais frequentes.

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