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País reconhece judaísmo, porém sionismo é vetado

DE TEERÃ

No discurso oficial iraniano, o reconhecimento do judaísmo é algo natural, já que os judeus, além de residirem há milênios no território da Pérsia, são devotos monoteístas cuja fé contribuiu para o surgimento do islã.

Mas Teerã faz uma distinção categórica entre o judaísmo, digno de respeito, e o sionismo, movimento de apoio ao Estado de Israel, visto como abominável.

O maior símbolo dessa posição é o tapete vermelho estendido por Mahmoud Ahmadinejad a rabinos ultraortodoxos que consideram o sionismo -em sua forma atual- contrário ao judaísmo.

A rejeição a Israel, visto como ilegalmente implantado por força do Ocidente sobre terra palestina, é um elemento central da revolução de 1979, já que o xá Reza Pahlevi apoiava o Estado judaico.

Israel hoje não existe aos olhos de Teerã, que defende o seu desaparecimento. Em nome do combate ao sionismo, o Irã apoia dois grupos armados: o Hamas, em Gaza, e o Hizbollah, no Líbano.

O grito "morte a Israel" é ouvido em quase todo evento público promovido pelo regime, que torna passível de execução a colaboração com o governo israelense.

Israel também considera o Irã um país inimigo. Apesar de ser a única potência nuclear do Oriente Médio, o Estado judaico diz enxergar Teerã como ameaça existencial e deixa no ar a ideia de um ataque.

No plano consular, estrangeiros não podem entrar no Irã se tiverem algum carimbo israelense no passaporte. O passaporte iraniano leva uma inscrição alertando o portador sobre a proibição de visitar os "territórios palestinos ocupados".

Mas a política tem brechas. Muitos judeus do Irã viajam a Israel sem ser incomodados. Devem, porém, evitar ter o passaporte carimbado.

Israelenses de origem iraniana podem visitar parentes no Irã, desde que obtenham documentos no consulado de Teerã na Turquia.

Fora da esfera institucional, esportistas iranianos são proibidos de enfrentar adversários israelenses, e artistas devem evitar contato com colegas do Estado judaico em eventos internacionais.

Boa parte dos cidadãos iranianos não adere ao ódio anti-Israel, mas a maior parte da população, inclusive judeus, diz rejeitar a política israelense em relação aos palestinos. "É melhor ser judeu no Irã do que árabe em Israel", diz o advogado judeu iraniano Farhad Aframian.

Em 2003, Teerã apresentou proposta para reconhecer Israel, mas os EUA vetaram. (SA)

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