Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Vitória de islamita no Egito acua seculares e ativistas da revolução Minorias temem perseguição de governo islâmico, enquanto partidários do presidente festejam Agência do Irã divulga entrevista em que Mursi afirma que irá rever acordo com Israel; Egito nega declaração
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ Enquanto centenas de pessoas ainda celebravam ontem na praça Tahrir a vitória do islamita Mohamed Mursi na primeira eleição presidencial livre do Egito, seculares, cristãos e ativistas pró-democracia se deprimiam. As promessas de Mursi de que respeitará as minorias e os princípios democráticos não apagaram a convicção de muitos sobre uma "agenda oculta" para implantar um Estado religioso no país. Membro do movimento pró-democracia 6 de abril, um dos precursores da revolta que levou à deposição do ex-ditador Hosni Mubarak, Hassan Sabr, 44, boicotou o segundo turno da eleição. Mas diz que preferia a vitória do general da reserva Ahmed Shafiq, embora o considere parte do "câncer" institucional que o antigo regime instalou no país. "Era uma escolha entre câncer e Aids", diz o técnico em telefonia. "Com o primeiro, há chance de sobreviver. O segundo matará a esperança de democracia com seu fanatismo." O medo é maior entre cristãos copta (10% da população), que votaram em massa em Shafiq, temendo perseguição do governo islamita. Para o funcionário público cristão Rafat Shikari, 50, a vitória de Mursi vai confirmar o temor do Ocidente de que a democracia é incompatível com o mundo árabe. "Se já havia perseguição aos cristãos com Mubarak, imagine agora", diz. Primeira mulher a se candidatar à Presidência no Egito, a ativista Bothaina Kamel também não escondia a depressão. "Fiquei feliz com a derrota de Shafiq, mas preocupada. As promessas de Mursi se chocam com a história de militância da Irmandade." O primeiro dia de Mursi como presidente eleito teve os ingredientes de simbolismo e impasse da turbulenta transição política no país. Preso duas vezes pelo regime militar, Mursi instalou-se no palácio presidencial que foi de Mubarak por 30 anos, embora a posse seja só no domingo. O ex-prisioneiro assume a Presidência, enquanto o ditador deposto cumpre prisão perpétua. Mursi se apoia no respaldo das urnas para exigir a restituição dos poderes presidenciais cassados pela Junta Militar e do Parlamento, dissolvido na véspera da eleição. ENTREVISTA Mursi teria defendido em entrevista à imprensa iraniana a normalização das relações com Teerã, que por sua vez não esconde a satisfação com a vitória de um candidato islamita na eleição egípcia. Ele teria dito ainda à agência Fars, ligada ao regime iraniano, que pretende reavaliar o acordo de paz entre Egito e Israel assinado em 1979. Depois que as supostas declarações geraram uma onda de preocupação no Ocidente, um assessor de Mursi negou que ele tenha concedido entrevista à mídia iraniana. A Fars colocou em seu site um áudio com a suposta gravação da conversa. O jornalista da agência Mostafa Afzalzadeh disse à Folha que Mursi conversou com um correspondente da agência no Cairo, no domingo, horas antes do anúncio do resultado da eleição presidencial. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |