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Moisés Naím

Volta ao mundo com Martin Wolf

Para colunista econômico do 'Financial Times', jornalistas cometeram erros de omissão na crise

A crise deu a alguns comentaristas econômicos fama mundial. Um deles é Martin Wolf, do "Financial Times". Conversei com ele dias atrás em Istambul. "Que aspectos da crise o surpreenderam?", perguntei.

Martin Wolf: O pouco capital próprio dos bancos para os riscos que assumiam. Eu tinha voltado toda a minha atenção à macroeconomia e não vi o que acontecia com a microeconomia. É o maior erro da minha carreira. Outro erro foi não ter me dado conta de quão fracos eram os controles dos bancos.

Pergunta: Que responsabilidade têm os jornalistas nesta crise?

MW: Cometeram muitos erros de omissão. Deveriam ter sido muito mais agressivos e rigorosos na fiscalização dos bancos. O problema é que, em geral, os jornalistas sabem pouco de economia e finanças.

P: Mas os economistas mais renomados também não previram a crise nem entraram em acordo sobre como geri-la. Quais as exceções?

MW: Nouriel Roubini alertou sobre as bolhas nos preços de ativos financeiros e sua relação com o endividamento e viu que a mistura era explosiva. Robert Shiller analisou melhor que ninguém o setor imobiliário. E Raghuram Rajan soou o alarme sobre a fragilidade do setor financeiro e sua ameaça à estabilidade global. Mas houve muitos outros. E a verdade é que a economia ortodoxa mostrou não ter utilidade para explicar o que acontece.

P: Como qualifica a gestão da crise por George W. Bush, Barack Obama, Wen Jiabao e Angela Merkel?

MW: Bush, reprovado. Obama e Wen Jiabao, aprovados. Merkel, aprovada como líder da Alemanha e reprovada como líder europeia.

P: Obama é ferozmente criticado.

MW: De fato. Para seus críticos, a recessão dos EUA deveria ter sido mais curta e a recuperação, mais vigorosa. Mas, com base na experiência histórica, a crise que Obama herdou deveria ter causado uma recessão ainda mais profunda. Ele evitou essa catástrofe e, até agora, a economia americana é a que mais se recuperou, em comparação com as dos cinco países mais avançados.

P: Nesta crise, os chefes dos BCs se transformaram em atores fundamentais. Quem são os melhores banqueiros centrais do mundo?

MW: Ben Bernanke, o diretor do Federal Reserve dos EUA.

P: Dentro de dez anos, que país crescerá mais, Espanha ou Itália?

MW: Espanha.

P: E entre China e Índia?

MW: Índia.

P: Estados Unidos ou Alemanha?

MW: Estados Unidos.

P: E a Europa?

MW: Vejo três cenários. O primeiro é uma Europa mais federal, o segundo é a das contínuas cúpulas de líderes em que não se decide nada de "grande" e o terceiro supõe que os países acordem reformas parciais que permitam ir resolvendo os problemas mais graves. Este é o cenário mais provável.

Leia a íntegra
folha.com/no1112202

AMANHÃ EM "MUNDO"
Paul Krugman

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