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PRI vence no México, diz órgão eleitoral Contagem preliminar oficial dá vitória a Enrique Peña Nieto com ao menos 37% dos votos; López Obrador é 2ª Retorno ao poder do partido de inspiração fascista que governou por 71 anos gera temor de recaída autoritária
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO O candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional), Enrique Peña Nieto, venceu a eleição presidencial realizada ontem no México com mais de 37% dos votos, de acordo com contagem preliminar feita pela autoridade eleitoral. O candidato do esquerdista PRD, Andrés Manuel López Obrador, obteve ao menos 30% dos votos, seguido da governista Josefina Vázquez (PAN), com ao menos 25%. Se confirmada a vitória do PRI, voltará à Presidência o partido que governou o México por 71 anos (1929-2000) e foi chamado de "ditadura perfeita" pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa. O descontentamento de parte da população com a perspectiva de que a sigla -uma espécie de versão mexicana do politburo soviético, com passado de fraudes eleitorais- voltasse ao poder ficou claro quando Peña Nieto votou em Atlacomulco, sua cidade natal. Dezenas de jovens contrários a sua candidatura vaiavam e gritavam. Nascido no período pós-Revolução de 1910, o PRI tem inspiração no fascismo italiano e um discurso nacionalista e estatizante. Agora, vende-se como um partido renovado, que traz à sua frente um líder jovem e midiático. Peña Nieto, 45, é advogado e foi governador do Estado do México. Com cara de galã, é casado com a atriz Angélica Rivera. Viúvo do primeiro casamento, tem cinco filhos. "A ascensão de Peña Nieto e o retorno do PRI ao poder estão relacionados à decepção dos mexicanos com um projeto que não soube acabar com a desigualdade nem ofereceu solução para a questão do narcotráfico", disse o sociólogo John Ackerman. O atual presidente, Felipe Calderón, é responsabilizado por não ter diminuído as diferenças sociais de um país que possui o homem mais rico do mundo, Carlos Slim, e o traficante mais procurado, "Chapo" Guzmán, líder do cartel de Sinaloa. A política de Calderón de enfrentamento bélico ao narcotráfico aumentou o enfrentamento entre os cartéis. A consequência é um saldo de mais de 50 mil mortos. "Podemos esperar um governo ainda mais autoritário, que adotará linha-dura com o tráfico, mas que não vai tocar na questão da legalização das drogas", diz Ackerman. A solução apresentada por Peña Nieto é unificar as polícias estaduais e aumentar o orçamento para armá-las. Seus opositores o acusam de ser produto de uma campanha da Televisa, maior conglomerado do México. Também é apontado como responsável pelo Massacre de Atenco, quando ordenou a repressão de um protesto de trabalhadores, que resultou em duas mortes e no estupro de mais de 20 mulheres. O dia de votação -que renovará também o Congresso- foi tranquilo. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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