General amigo de Assad deserta e deixa Síria

A França confirmou ontem que Manaf Tlas, general de brigada e amigo do ditador sírio, Bashar Assad, desertou, em um dos mais duros golpes contra o regime desde o início da revolta popular.

Tlas estudou com Assad na escola militar, era general da Guarda Republicana e filho de um importante ex-ministro de Defesa. Ele ajudou ainda a organizar a acensão de Assad ao poder, em 2000, após a morte de seu pai.

Sua deserção havia sido anunciada anteontem pelos rebeldes, mas não confirmada. Ela tem pouco efeito prático no Exército sírio, mas é uma derrota moral para o ditador, que tem visto dezenas de militares fugirem para a Turquia nos últimos dias.

O apoio do Exército sírio é tido como um dos pilares de sua resistência à revolta popular iniciada há 15 meses.

Tlas é ainda membro da pequena elite sunita aliada do governo alauita de Assad, e sua fuga levantou temores de que o ditador perde ainda importante apoio político.

A atual localização de Tlas, contudo, é incerta. A família disse que ele fugiu pela fronteira turca. O chanceler francês, Laurent Fabius, chegou a anunciar que o general viajava para Paris, mas recuou.

A deserção foi comemorada pelos países do grupo Amigos da Síria, que se reuniram em Paris para discutir uma saída para a crise no país.

"As pessoas de dentro do regime e das Forças Armadas começam a mostrar seu desagrado", disse a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que convocou os demais militares a "ir para o lado certo da história".

Ainda ontem, o site francês "Owni" divulgou e-mails vazados pela organização WikiLeaks que contam que a mulher de Assad, Asma, teve a ajuda de um assessor de relações públicas para melhorar sua imagem no exterior.