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Combates tomam Damasco e cresce pressão sobre Assad

Capital síria tem 2º dia de confrontos entre rebeldes e regime, que usa tanques

Rússia mantém apoio ao ditador e acusa as potências ocidentais de chantagem; Annan e Putin se reúnem hoje

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Pela primeira vez desde o início da revolta contra o regime sírio, há 16 meses, combates intensos têm ocorrido no centro da capital, Damasco, com batalhas de rua e artilharia pesada do Exército.

"Damasco está sitiada, há barreiras militares por toda a parte e ouvimos tiros e explosões o dia inteiro", disse à Folha, por telefone, da periferia da capital, uma ativista da oposição que adotou o nome fictício de Susan Ahmad.

Enquanto forças sírias e rebeldes se enfrentavam em Damasco pelo segundo dia seguido, ontem, numa escalada da guerra civil, a Rússia voltou a falar grosso, rejeitando sanções contra o regime do ditador Bashar Assad.

Os combates em Damasco acrescidos das recentes deserções de altos membros do regime levaram alguns opositores a acreditar que a ditadura síria está perto do colapso. Mas, para a Rússia, Assad tem o controle do país e apoio para se manter no poder.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, chamou de "chantagem" a pressão de potências ocidentais para que Moscou aceite resolução na ONU com sanções ao regime sírio. O texto vai a votação no Conselho de Segurança amanhã.

Para Lavrov, Assad não será forçado a deixar o poder. Não pela proteção da Rússia, mas por ainda ter forte apoio dentro da Síria.

"Dizem-nos que deveríamos persuadir Assad a deixar o poder por vontade própria. Isso simplesmente não é realista", disse Lavrov.

PLANO FRACASSADO

Hoje o enviado especial da ONU, Kofi Annan, se reunirá em Moscou com o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir o fracassado plano de paz para a Síria.

O mandato da missão de observadores da ONU no país expira na próxima sexta.

A Rússia acusa as potências ocidentais de chantagem ao ameaçar pôr um fim à missão caso Moscou não apoie a resolução no Conselho de Segurança com sanções à Síria.

A proposta divulgada pelo Reino Unido evoca o capítulo 7 da Carta da ONU, que prevê ação militar caso as sanções não funcionem.

Segundo ativistas da oposição, o Exército sírio entrou com carros blindados no distrito de Midan, no centro de Damasco, para sufocar focos de resistência do ELS (Exército Livre da Síria), principal grupo armado rebelde.

Há relatos de dezenas de mortos e feridos nos confrontos. Foco de protestos contra o regime, a periferia de Damasco teve o acesso à capital bloqueado pelo Exército, disseram ativistas.

Segundo Ahmad, pouca gente saiu às ruas da capital. "A sensação entre muitos moradores de Damasco é de que a chegada dos combates à capital é mais um sinal do colapso do regime", disse.

A agência de notícias estatal, Sana, noticiou que o Exército combateu "grupos terroristas" perto da capital, destruindo dois veículos com munição e armas.

Em visita a Jerusalém, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que é crítica à blindagem russa a Assad, disse que "o tempo está se esgotando" para o ditador.

Hillary foi cautelosa ao falar na possibilidade de uma intervenção, lembrando os riscos de que ela piore a situação. Mas não mostrou dúvidas sobre qual será o desfecho da crise.

"O regime sírio não sobreviverá. Só espero que [seu fim] ocorra o quanto antes", disse ela à CNN.

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