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Fronteira da Síria com a Turquia vive caos

Motoristas de caminhão turcos relatam saques e incêndios de veículos; rebeldes sírios tomam terminal na divisa

Aleppo, segunda maior cidade síria, vive os maiores confrontos nos 16 meses de revolta contra regime de Assad

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A CILVEGOZU (FRONTEIRA TURCO-SÍRIA)

Três dias após ser tomado por forças rebeldes, o lado sírio da fronteira com a Turquia vive em estado de caos. Dezenas de caminhões turcos foram atacados e até o "duty "free foi saqueado.

A cerca de 40 km da fronteira, Aleppo, segunda maior cidade da Síria, viveu os maiores confrontos em 16 meses de revolta contra o regime de Bashar Assad, forçando centenas a fugir.

As autoridades turcas ontem mantiveram fechado o terminal de Cilvegozu, o principal da extensa fronteira entre os dois países, confirmando que o Exército sírio havia batido em retirada.

Os poucos motoristas de caminhão que atravessavam o terminal vindos da Síria disseram que civis armados controlam o terminal sírio de Bab al-Hawa e não há sinal de forças do regime.

"Vi homens barbudos com armas, mas não há nenhuma segurança", contou à Folha Cilve Gozu. "Meu pai foi sequestrado, e o caminhão dele foi incendiado".

Mehmet Lekesiz, governador da província de Hatay, onde fica a fronteira, disse que nove caminhões turcos foram incendiados e dois roubados por "grupos independentes" sírios, que teriam entrado em confronto com os rebeldes.

Os caminhoneiros contaram que a área rural em torno de Aleppo é território dominado pelo ELS (Exército Livre da Síria), mas Aleppo e outros centros urbanos continuam em poder do regime.

Ontem à noite ocorreram grandes explosões e tiros foram ouvidos durante horas. Segundo um ativista, dezenas de rebeldes entraram na cidade e enfrentaram as forças do regime no centro.

Os confrontos em Aleppo parecem indicar que os rebeldes tentam repetir a ofensiva iniciada em Damasco na semana passada, quando uma explosão matou três membros do alto escalão sírio.

Depois de anunciarem a retomada do bairro de Midan, perto do centro da capital, as forças do regime mantiveram Damasco sitiada.

Uma moradora contou à Folha que tanques patrulham a capital. "As ruas estão vazias, e é impossível mover-se sem passar por barreiras militares", disse, pedindo para não ser identificada.

Ela afirmou que a ofensiva do regime forçou os rebeldes a se retirarem para a periferia de Damasco, mas os insurgentes alegam "recuo tático".

O governo reforçou a segurança nas padarias para mantê-las abertas no mês de jejum islâmico do Ramadã, iniciado sexta, no qual muçulmanos praticantes são proibidos de comer durante o dia.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que enviará o subsecretário de Operações de Paz do órgão, Hervé Ladsous, para ajudar os monitores na Síria, cuja missão foi estendida por 30 dias. Ban se disse "profundamente preocupado" com a violência: "O governo sírio fracassou na proteção a civis".

Com agências de notícias

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