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Jornalistas fogem com comboio de cidade em conflito DO ENVIADO A ALEPPO"Não há tempo para nada", disse Abdallah, um sírio de dois metros e dos poucos com inglês compreensível na escola usada como base rebelde em Aleppo. Há dias a "mãe de todas as batalhas" prometida pelo regime sírio para esmagar o avanço insurgente era aguardada com tensa expectativa. Chegara a hora de partir, antes que fosse tarde. Os intensos ataques de helicóptero e artilharia não haviam bastado para esfriar o excesso de confiança dos rebeldes, que tratavam a ameaça iminente como blefe. Eram 18h em Aleppo (12h em Brasília), quando todos os telefones ficaram mudos, incluindo os por satélite. A confiança murchou. Está fresca a memória de todos os massacres cometidos nos últimos meses, quando o regime cortou a comunicação antes de bombardear áreas residenciais, deixando dezenas de mortos. O prenúncio levou os rebeldes a empacotar tudo para dar o fora. Com as mãos algemadas no pátio da escola, 14 membros do regime capturados foram enfileirados debaixo de chicotadas para mudar de prisão. Para os poucos jornalistas presentes, o problema era conseguir um carro com combustível, mercadoria escassa, e um motorista com domínio da rota de fuga. A Folha conseguiu vaga num dos três veículos da equipe da BBC. Com um inconveniente, só descoberto na estrada: era o carro usado para abrir caminho e avisar em caso de problemas, espécie de "boi de piranha". O nervosismo chegou ao ápice na passagem por uma base num vilarejo ainda leal a Bashar Assad, com as fotos do ditador que sumiram na região controlada por rebeldes. Na chegada a Marea, 32 km ao norte, meninos jogavam uma animada pelada num campo novo em folha. Retrato de um país dividido entre a guerra e a fantasia da normalidade. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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