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Morre aos 91 o recluso cineasta francês Chris Marker

Autor de 'La Jetée' e 'Sem Sol' fundou o formato de filme-ensaio e revolucionou linguagem do documentário

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Morreu anteontem em Paris, ao completar 91 anos, o cineasta francês Chris Marker, diretor de "La Jetée" e "Sem Sol", além de filmes em colaboração com nomes centrais do cinema francês, como Jean-Luc Godard, Alain Resnais e Agnès Varda.

Homem recluso, Marker, nascido Christian François Bouche-Villeneuve, não dava entrevistas e não se deixava fotografar. Ele expressava suas opiniões por meio da tira do gato Guillaume, que publicava em jornais franceses.

Marker venceu o Urso de Ouro de melhor documentário no Festival de Berlim em 1961 com o filme "Description d'un Combat", um olhar sobre a vida em Israel no Estado então recém-criado.

Gilles Jacob, presidente do Festival de Cannes, tuitou que todos ficaram "órfãos" com a morte de Marker, um "espírito curioso, cineasta incansável, poeta amante dos gatos, videoartista, personagem secreto, talento imenso".

Embora tenha sido prolífico documentarista, Marker entrou para a história do cinema com seu curta "La Jetée", de 1962, fotonovela em preto e branco que narra o início e o fim de uma terceira guerra mundial partindo dos traumas de um homem.

O enredo de "La Jetée" (o píer), ficção científica em que Marker elimina fotogramas desimportantes e foca em instantes privilegiados, foi ponto de partida para a distopia "Os 12 Macacos", que Terry Gilliam filmou em 1995.

Nas palavras do presidente francês François Hollande, que disse ontem "lamentar a morte de Chris Marker", "'La Jetée' ficará para a história como obra profundamente original e renovadora da linguagem cinematográfica".

Também é atribuída a Marker a invenção desse formato, o filme-ensaio que mistura documentário com reflexões pessoais, gênero hoje defendido por Jean-Luc Godard, Errol Morris, Michael Moore, entre vários outros.

Noutra de suas obras-primas, "Sem Sol", de 1982, Marker extrapolou os limites do documentário ao dividir o mundo em listas do que chamou de coisas elegantes, coisas tristes e coisas que fazem bater o coração.

Um de seus primeiros filmes foi a parceria com Alain Resnais, "Les Statues Meurent Aussi", de 1953. O documentário, que chegou a ser censurado, revela mecanismos de exploração da França sobre colônias na África.

Em 1967, Marker colaborou com Resnais, Jean-Luc Godard, Agnès Varda e Claude Lelouch em "Loin du Vietnam", um duro manifesto contra a intervenção norte-americana no país asiático.

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