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Obama mantém apelo pop, ainda que com aprovação menor

Mesmo com crise econômica mais forte, campanha de presidente americano, que faz 51 anos hoje, continua a atrair seguidores

Brendan Hoffman - 2.ago.2012/France Presse
O presidente dos EUA, Barack Obama, durante comício anteontem na cidade de Leesburg (Vírginia), que reuniu 3.200 pessoas, segundo a polícia
O presidente dos EUA, Barack Obama, durante comício anteontem na cidade de Leesburg (Vírginia), que reuniu 3.200 pessoas, segundo a polícia

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A LEESBURG

São 19h30 quando o helicóptero sobrevoa a quadra escolar em Leesburg, 42 mil habitantes, em um fim de tarde ainda quente na Virgínia. O público, 3.200 pessoas (na conta da polícia) que parecem uma pequena multidão no espaço restrito, grita em delírio e acena: "É ele!".

Falta pouco para começar, e, se não fossem os cartazes políticos, poderia ser um festival de rock. "Even Better than the Real Thing", do U2, e "We Used to Wait", do Arcade Fire, saem dos alto-falantes; meninas pintam o rosto; adolescentes posam para seus smartphones; fãs mais velhos, para trás, buscam posição para enxergar melhor.

Às 20h05 -com atraso de 20 minutos-, Barack Obama sobe ao palco.

Desde que assumiu a Presidência dos EUA, em janeiro de 2009, a popularidade de Obama caiu 23 pontos, de 68% para 45% (segundo o Gallup), e, a três meses da eleição, as pesquisas apontam empate com Mitt Romney, seu rival republicano.

A crise econômica, iniciada sob seu antecessor, ganhou fôlego, a dívida do país aumentou, e a taxa de desemprego subiu.

"Está todo mundo com um pouco de medo neste ano de que ele não consiga", diz a professora Sandy Sullivan, 42, uma das várias com camisa do sindicato da educação.

Se tudo complicou, o apelo pop de Obama segue firme.

Sandy, bóton no peito, pegou três horas de fila sob sol, a 35°C, pelo ingresso de seu segundo comício neste ano. Em 2008, foram três.

Christian e Rebecca Brock levaram os filhos Thompson, 6, e Elias, 3, para ver o presidente. "Quando 'ele' ganhou da outra vez, o Elias estava na barriga e nem sabíamos", conta Rebecca, acariciando o menino. Ainda animados? "Muito!", responde Christian.

Ao lado, Nancy Thompson, 66, diz ter vindo de Illinois, a 1.100 km dali. Só para ver o presidente? "Não, mas não ia perder essa chance."

PÊNDULO

Obama não escolheu a Virgínia à toa. O Estado balança entre os partidos e é crucial na eleição de novembro. Em 2008, pendeu para os democratas pela primeira vez em 44 anos. Agora, se divide.

Leesburg, cidade a 50 minutos de Washington, foi conquistada por pouco.

A apresentação do presidente cabe a outra professora, Dana Larrick. Ela põe no script tudo que vê como feitos de Obama e os liga à sua vida: reforma da saúde, bolsas estudantis, preservação dos sindicatos e até o resgate da indústria automotiva.

Para quem ouve, a impressão é que logo ela dirá que o terrorista Osama bin Laden, morto no ano passado, assombrava a cidade.

A retórica é cheia de expressões como "cota justa de cada um" e "crescer a partir do centro e não de cima para baixo", preparando terreno para o presidente-candidato.

Por 25 minutos, ele enfatiza seu foco na classe média e, como em resposta à acusação da campanha rival de desprezar o empreendedorismo americano, faz reiterados louvores às microempresas.

No palco, o sotaque contido e pausado ganha vigor e cadência: "Posso ter mais cabelos brancos [faz 51 anos hoje], mas a determinação de lutar por vocês não diminuiu".

Antes de partir, gasta seis minutos no corpo a corpo com o público, que o engole. Os alto-falantes retomam a música. É Bruce Springsteen com "We Take Care of our Own" (Cuidamos dos nossos). Foi escrita para Obama.

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